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Ambientalistas defendem flotação
Por Luciana Sereno
Do Diário do Grande ABC
27/03/2004 | 18:12
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“A flotação é um sistema racional de tecnologia porque evita que a carga poluente se disperse pela Billings e pelas águas do rio Pinheiros que sobem para o interior do Estado.” A afirmação é do presidente da ONG (Organização Não-Governamental) Terra Viva, Pedro Camello. Ele afirma acreditar na tecnologia porque, ao não ser bombeado, o volume de água do Pinheiros causa impactos ambientais em outros trechos que, em épocas de cheias, se refletem na represa. “Com a flotação, haverá o tratamento da água.” Pelo processo, o bombeamento será contínuo e ficará dentro da velocidade e do nível desejados.

O presidente da ONG Sats (Serviço Aéreo e Terrestre de Salvamento e Proteção Ecológica), Hermínio Jerônimo Costa, tem a mesma opinião. “Não podemos ser hipócritas. Devemos apostar, sim, porque há outros problemas mais graves a serem analisados, como a preservação do rio Pequeno, que hoje é o último reduto de águas limpas”, disse o ambientalista, que completa: “O governo está fazendo isso porque São Paulo perdeu 40% da quantidade de água que vem do Sistema Cantareira por causa do crescimento do Sul de Minas Gerais, que está usando a água para irrigação.” Para Costa, trata-se de uma medida para evitar o racionamento do consumo de água em poucos anos.

“Sou a favor (do início dos testes da flotação), para obter elementos técnicos e concluir se a água fica viável para abastecimento público ou não”, disse o vice-presidente do Comitê de Bacias Hidrográficas do Alto Tietê, Nelson Pedroso. No entanto, ele considera fundamental que o monitoramento não seja feito apenas com base nos relatórios da Cetesb (Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental). “Vale lembrar que a qualidade da água da Billings, hoje, é bem pior do que a da água flotada, apesar de a água flotada ainda depender de tratamento antes de ser usada para abastecimento.”

Medição – O investimento no sistema de flotação foi de R$ 60 milhões e saiu dos cofres da Petrobrás, que não fala sobre o empreendimento. Segundo o secretário estadual de Energia e Recursos Hídricos, Mauro Arce, entre os pontos onde se fará a medição da qualidade da água estão o canal do Pinheiros, a bacia de dissipação da Estação de Pedreira e as chegadas de efluentes nos rios Pequeno e Grande.

Quanto à qualidade da água, tanto o Estado quanto a Cetesb afirmaram que ela será favorecida pela lentidão do percurso desde a estação de flotação. “Levará 150 dias para chegar até a represa (de Guarapiranga, por uma tomada de água construída pela Sabesp no braço Taquacetuba da Billings).” É por conta da demora que o diretor da Cetesb Lineu José Bassoi afirmou que, mesmo que a flotação se mostre inviável, sobrará tempo para impedir danos, tornando improvável uma paralisação de abastecimento público de água. “Do ponto de tratamento da água do Pinheiros, até a captação do braço Taquacetuba, na Billings, o percurso é de 11 a 12 km. Do momento em que entra na Billings até chegar na Baixada Santista são mais 21 km”, disse Bassoi.

Segundo ele, as alterações da qualidade do reservatório serão acompanhadas durante todo o trajeto.




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