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Lidar com a morte não gera frieza, dizem atendentes
Por Evandro De Marco
Do Diário do Grande ABC
15/07/2008 | 07:05
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Lidar com a vida e a morte, todos os dias, faz com que esses profissionais se acostumem com atendimento de pessoas em risco. Mas, segundo os atendentes do PS, profissionalismo não significa frieza.

Há 25 anos trabalhando em salas de emergência, o chefe de enfermagem Agenor Pereira da Silva lembra do caso de uma menina que foi trazida ao PS pelos pais ainda consciente, mas gradativamente foi perdendo os sinais vitais, teve uma convulsão e morreu à sua frente. "Isso aconteceu há uns dez anos, mas é difícil esquecer. Fizemos de tudo por essa criança. No final descobrimos que tinha meningite meningocócica. Nesse dia desmontei na sala de emergência. Comecei a chorar e tive de parar por umas duas horas."

Para o médico Thiago Ferreira de Souza, chefe de plantão, os pacientes infantis são os que mexem mais com o emocional. "Com tantos anos aqui é para ser algo corriqueiro, mas cada caso é um caso."

A assistente social Sueli Aparecida Rodrigues guarda na mente uma criança atendida no PS. Com várias fraturas, a menina, de 1 ano e oito meses, havia chegado ao PS nos braços da mãe, que alegava que a criança caiu do sofá. "A mãe ficava com ela e trocava as fraldas. Quando ela morreu pedimos que a mãe saísse e constatamos que a menininha havia sido estuprada. O suspeito era o próprio pai que, junto com a mulher, foi preso e saiu do PS algemado."

Apesar disso, Sueli afirma que nunca pensou em fazer outra coisa. "Você ver a recuperação de alguém é maravilhoso, ainda mais sabendo que você contribuiu de alguma forma com aquilo."




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