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Recepcionistas são orientadas pelo governo em depoimento

Testemunhas do roubo da mala no prédio da Sosp, em Sto.André, falaram pouco

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
16/09/2011 | 07:04
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Duas recepcionistas, testemunhas do roubo da mala no prédio da Secretaria de Obras e Serviços Públicos de Santo André, revelaram que tiveram orientação de integrantes da Prefeitura para prestar depoimento ontem ao Ministério Público. Além disso, um assessor ligado à Pasta e o advogado José Joaquim Hipólito, lotado na Secretaria de Assuntos Jurídicos, compareceram ao Fórum para auxiliar as funcionárias.

Na oitiva, ambas afirmaram que tiveram orientação dos superiores hierárquicos e suporte de Hipólito, quando receberam convite MP para depor - o advogado tentou entrar na sala de depoimento, mas foi impedido porque não tinha procuração. A recomendação era para apenas responder sobre o que realmente viram no dia do crime e falar pouco, pois qualquer palavra mal colocada poderia ser usada contra elas.

Uma das funcionárias disse que o comentário logo após o ocorrido era de que o roubo envolveu R$ 70 mil - em depoimento dia 8, o empresário Alberto Jorge Filho disse que não tinha mais do que R$ 3.000 em sua mala roubada no dia 13 de junho, no estacionamento Multipark, dentro das dependências da Sosp.

Uma das recepcionistas admitiu que trabalha no local por desvio de função. Na realidade, ela é contratada pela ONG Ideal, a qual possui convênio com a Prefeitura para prestar serviços específicos na área de Educação. No entanto, salientou que possui experiência no setor de recepção.

As funcionárias ratificaram que ouviram comentários no prédio de que outro carro, um Land Rover, pertencente ao sócio de Jorge Filho, Mauro Silvestre, retornou com seguranças dia 21 de junho. O empresário garantiu em depoimento que foi ao local para pegar o projeto de contrapartida de uma obra. Mas não conseguiu, pois não foi prontificado pelo secretário de Obras, Alberto Casalinho.

A promotoria classificou apenas como "estranho" o fato de as recepcionistas terem sido orientadas pelo governo. A coleta de depoimentos pelo MP continua quinta-feira, com oitivas de motoristas que presenciaram o assalto.

 

Acareação entre empresário e Casalinho é descartada

A Promotoria de Justiça de Santo André ressaltou que executar acareação entre o secretário de Obras e Serviços Públicos, Alberto Casalinho, e o empresário Alberto Jorge Filho, vítima do roubo no estacionamento da Pasta, seria improdutivo. A medida seria para analisar quem está falando a verdade no caso do assalto da mala. A sugestão partiu do próprio prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB).

Segundo o MP, o comportamento é subjetivo e que não adiantaria colocá-los frente à frente. O construtor e o secretário deram versões contraditórias do ocorrido. Enquanto Casalinho argumentou que havia tido apenas único contato com Jorge Filho, o empresário revelou que conversou centenas de vezes com o titular da Pasta.

O promotor disse que a própria vítima pediu para que se fizesse a acareação, o que gerou desconfiança. A medida pode não ser considerada ineficaz tendo em vista que depoimentos podem ser combinadost.




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