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Em bar de Santo André, senha ajuda mulheres a denunciar casos de abuso

Vítimas devem pedir drink, cujo nome é um código, para que funcionários tomem providências

Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
24/02/2018 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 As constantes notícias de assédio sofrido por mulheres foram determinantes para que bar de Santo André criasse iniciativa para ajudar as vítimas nas dependências do comércio. No estabelecimento Red Show – Retrô Pub, localizado no bairro Boa Vista, o pedido de drink específico é a senha para que funcionários tomem conhecimento do problema e executem as medidas necessárias.

“Estávamos preocupados com o momento em que estamos vivendo no Brasil. Isso atrelado aos casos de assédio que tivemos de intervir. Vimos ideia parecida na internet, adotada por estabelecimento europeu, e resolvemos trazer para cá”, conta o sócio-proprietário do bar, Renato Zacarias, 27 anos.

A orientação é dada às mulheres em cartaz fixado no banheiro feminino e pode ser utilizada em qualquer caso em que a vítima se sinta ameaçada. “O protocolo padrão é chamar o segurança para averiguar a situação e manter a pessoa segura para ir embora, se for o caso”, explica Zacarias. A medida foi divulgada nas redes sociais e viralizou. Por esta razão, o estabelecimento troca o código, sempre que necessário. “Trocamos a senha sempre que sentirmos que ela foi viralizada. Nela está escrito: ‘Fotografe aquela, use essa’, assim, as mulheres podem divulgar aquela placa, mas não o código atual”, fala.

Até o momento, nenhuma mulher fez uso do recurso no estabelecimento. Zacarias acredita que a repercussão da iniciativa tenha ajudado a coibir assediadores. Apesar disso, as mídias sociais do estabelecimento têm recebido diversas manifestações masculinas, contrárias à ação. Em uma delas, rapaz pergunta por que o estabelecimento não aceita somente a entrada de mulheres. “Assim, nem vocês nem elas se sentem incomodados. A dica é de graça”, escreveu.

O sócio do bar relata que publicações deste tipo são comuns. “Recebemos mensagens de repúdio, inclusive uma ou outra em tom de ameaça, provavelmente de homens que têm alguma intenção de assédio e estão se sentindo inseguros perante atitude que os impeça”, avalia Zacarias. “Mas, com certeza, as mensagens de apoio chegam de forma mais frequente e amável. Isso já faz valer”, conclui.

 




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