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Sexo, drogas e Barão Vermelho
Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
02/01/2008 | 07:00
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Não faltaram dramas, excessos e alegrias nos 26 anos de carreira do Barão Vermelho. Essa conturbada e bem-sucedida trajetória é o tema da biografia Porque A Gente é Assim (Globo, 312 págs., R$ 49), escrita pelo jornalista Rodrigo Pinto, o descobridor e ‘padrinho’ do grupo, Ezequiel Neves (conhecido como Zeca Neves) e o baterista da banda, Guto Goffi.

Sem apelar para uma narrativa burocrática, os autores revelam detalhes da história dos músicos, desde os primeiros acordes até os shows que antecederam o recesso por tempo indeterminado do conjunto, iniciado em janeiro de 2007. O livro traz ainda um CD com gravações inéditas realizadas entre 1981 e 1982, pouco antes da estréia fonográfica do Barão, com Cazuza.

O repertório do disco é recheado de pérolas como Billy João (primeira versão de Billy Negão), Ponto Fraco e Por Aí. Apesar da forte influência do blues e do R&B, as canções trazem referências ao rock progressivo, graças ao virtuosismo do tecladista Maurício Barros. À época, o baixista Dé tinha apenas 15 anos, mas já demonstrava segurança e precisão.

Essa fase inicial da banda também foi impulsionada pelos versos do cantor e letrista Cazuza (1958-1990), que, em 1981, substituiu Léo Guanabara, ou Léo Jaime, como ele ficou conhecido anos mais tarde. A verve criativa do intérprete – primeiro artista brasileiro a assumir publicamente sua condição de portador do vírus da Aids – deixou marcas profundas na obra do Barão.

PARCEIROS - Comparado a Cazuza, o guitarrista Roberto Frejat era um rapaz tímido e sério. Em suas performances no palco, Caju (apelido do vocalista) era capaz de dançar sobre cacos de vidro com os pés descalços e fazer uma simulação de sexo oral com o microfone. Quando os componentes do grupo foram presos por porte de maconha, em 1984, em um hotel de São Paulo, Cazuza ficou indignado com o fato de a polícia não ter encontrado nenhum vestígio de drogas em seu quarto.

Filho do presidente da gravadora Som Livre, João Araújo, e frontman espalhafatoso, ele era sempre o mais visado. “Mas, como? Vocês não vão me prender? Minha carreira acaba se souberem que não me prenderam também. Eu vou com vocês”, disse o desvairado cantor aos policiais.

MARÉ DE AZAR - Após a consagração no festival Rock in Rio, e a saída de Cazuza, o Barão amargou anos de shows precários e baixas vendagens de discos. De acordo com o livro, em 1987, no auge dessa maré de azar, a banda buscou ajuda espiritual no terreiro de uma mãe-de-santo. Apesar dos esforços, só voltaram a fazer sucesso na década seguinte, com os CDs Álbum (1996), Puro Êxtase (1998) e Balada MTV (1999).



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