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Quinta-Feira, 18 de Abril de 2024

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Não mais tenho tanta certeza disso, Chaves
Por Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
02/03/2021 | 00:01
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Qual jovem dos anos 1980, 1990 e até dos anos 2000 não se recorda do icônico episódio ‘Vamos ao cinema?’, do seriado Chaves, no qual os personagens iam a um cinema, o protagonista Chaves não gostou do filme escolhido por Seu Madruga e companhia e então eternizou uma das frases que viralizaram: “Teria sido melhor ter ido assistir o filme do Pelé”? Confesso que até hoje me divirto com a série mexicana e na madrugada de ontem resolvi seguir o conselho do menino do barril, liguei a Netflix e fui assistir ao recém-lançado filme documentário dos britânicos Ben Nicholas e David Tryhorn que conta a história do Rei do Futebol. E, mais uma confissão neste espaço: eu esperava muito mais. Antes mesmo de dar o play, já estava com a pulga atrás da orelha. Afinal, como é que teriam feito para contar 80 anos em uma hora e quarenta e oito minutos? E, durante e depois, as constatações: atropelaram a história.

Mal-acostumado pelo brilhante material de Arremesso Final, ou The Last Dance, o documentário de dez capítulos que acompanha a temporada de 1997/1998 do Chicago Bulls e, simultaneamente, viaja no tempo para contar a história do maior jogador de basquete de todos os tempos, Michael Jordan, ou até mesmo acreditei que de alguma forma poderiam fazer o mesmo com Pelé. Ledo engano. A infância do Rei foi resumida, bem como sua chegada e início no Santos. Eu realmente esperava ao menos uma citação ao primeiro gol como profissional, marcado no Estádio Américo Guazelli, na Vila Alzira, sobre o Corinthians de Santo André. Que nada. Aliás, muito pelo contrário. Como um passe de mágica, a história começa sem muitas explicações do que levaram o ex-camisa 10 a ser convocado para a Copa do Mundo de 1958.

Óbvio que é preciso elogiar a produção pelas imagens recuperadas. Afinal, são registros de 60 anos atrás. Para quem não teve o prazer de ver o maior artilheiro de todos os tempos atuar, poder assistir a alguns de seus gols em vídeos que parecem ter sido filmados nesta semana impressionam e satisfazem – e comprovam o motivo pelo qual o apelidaram de Rei. Tem gols dos mais variados jeitos: a partir de belas tramas ofensivas, com a presença de dribles desconcertantes e até mesmo o pênalti com o qual alcançou o 1.000º tento da carreira. Mas eu realmente queria mais. Imagino, então, os torcedores santistas, que tiveram que se contentar com uma breve pincelada na conquista do Mundial de Clubes de 1962, quando o Peixe superou o Benfica-POR e faturou seu primeiro título. Nada do título de 1962, ou então da viagem à Nigéria, em 1969, que parou a guerra civil local para a realização de uma partida do time santista.

Outra observação: o fato de Pelé ser politicamente isentão é um tanto quanto assustador. Afinal, com o prestígio e imagem que tinha naqueles tempos de ditadura, poderia ter feito diferente. Mas não. O ex-atacante preferiu ficar de fora de qualquer atrito ou discordância com os militares – gerando críticas de Paulo Cezar Caju veiculadas no documentário. O grande negócio é que a película praticamente coloca Pelé em um pedestal e, ao mesmo tempo, mostra sua frágil condição atual, necessitando dos auxílios de andador e cadeira de rodas. Futebolisticamente merecido, mas pessoalmente questionável. Afinal, o único relacionamento trazido no filme é seu primeiro casamento, ao qual foi infiel. Não há sequer imagens de seus filhos, nem mesmo Edinho, que foi goleiro do Santos, mas teve problemas extracampo. Tampouco a filha que morreu sem ser reconhecida.

Quando vi que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso era um dos participantes, pensei: ‘Ah, vão falar dos tempos de Pelé como ministro do Esporte’. Só que não. Também decepcionante. Ah, e por falar em decepção, pesquisando para construir este Confidencial, descobri que na versão original de Chaves, o personagem não dizia que preferira ter ido assistir ao filme do Pelé, mas, sim, a película de comédia mexicana El Chanfle, que também foi estrelada por Roberto Gómez Bolaños e seus colegas de vila e contava a história de um homem de meia-idade que era roupeiro no América, time do México, e, por isso, também se passava num ambiente futebolístico. Na hora da dublagem, o estúdio brasileiro adaptou. Pois é, pois é, pois é!

TIMES DA REGIÃO
Gostei muito das atuações de Santo André e Água Santa em suas respectivas estreias pelas séries A-1 e A-2 do Campeonato Paulista. O Ramalhão, é verdade, precisa calibrar a pontaria, mas teve boa apresentação diante do jovem time do Santos, saindo na frente e depois buscando o empate, com chances até para vencer. Já o Netuno foi soberano diante do Velo Clube e apresentou futebol envolvente. O quarteto ofensivo formado por Luan Dias, Lelê, Dadá, Bambam vai dar trabalho para os rivais, podem escrever e me cobrar. Já a dupla de São Bernardo teve dificuldades. O Tigre apresentou falhas defensivas preocupantes diante do Rio Claro, mas que podem ser consertadas. Já o Cachorrão, apesar do brio, da luta até o fim e do fato de jogar em um gramado muito castigado pela chuva, tem de reagir imediatamente, porque a A-2 é duríssima. Na torcida por todos! 




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