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Caso VW não afugenta empresas
Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
02/09/2006 | 19:22
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A crise que se abateu sobre a Volkswagen do Brasil demonstra dificuldades do Grande ABC na captação de investimentos do setor privado? Para consultores e dirigentes empresariais, a reestruturação da montadora pode ter impacto na economia regional, mas é um caso pontual e isolado na atual realidade econômica dos sete municípios.

Uma demonstração de que é um caso isolado é o fato de que, ao mesmo tempo em que a companhia alemã anuncia 1,8 mil demissões e ameaça fechar a fábrica por problemas de competitividade, outras grandes empresas, de diversos segmentos (petroquímico, automotivo, da área de serviços), divulgam investimentos na região, numa demonstração de que acreditam na força da economia local.

No último mês, a Petrobras comunicou que investirá US$ 300 milhões na Recap (Refinaria de Capuava), em Mauá, no período de 2006 até 2010, e há poucos dias, a direção da Solvay informou que aplicará outros US$ 150 milhões para ampliar a fábrica de Santo André.

Do setor automotivo, a Toyota acaba de divulgar que vai aportar US$ 42 milhões em São Bernardo e transformará a planta fabril em plataforma de exportação de autopeças para os Estados Unidos. Além dos recursos anunciados por essas empresas, há outros projetos em andamento. Entre eles, o plano da TIM, que monta um centro tecnológico em Santo André, com estimados US$ 119 milhões.

Desarticulado – “O caso Volkswagen pode atrapalhar, mas está desarticulado do momento que a região vive”, afirma o coordenador do Observatório Econômico de Santo André, Antonio Carlos Schifino. Ele acrescenta que a reestruturação da montadora já faz parte do passado para outras fabricantes.

O consultor automotivo André Beer concorda. Na sua avaliação, enquanto outras companhias fizeram programas de redução de custos e transferiram parte significativa da produção para fábricas modernas e altamente eficientes, a Volks firmou há alguns anos um acordo “estranho” de estabilidade de empregos e mantém hoje uma fábrica superdimensionada para sua produção.

“As indústrias passaram por grandes mudanças tecnológicas que alijam um certo número de empregados. Ao assinar um acordo de estabilidade, a empresa fez uma blindagem que não faz sentido”, afirma Beer. “O problema não surgiu de uma hora para outra, em 2001, já havia excedente”, acrescenta o diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Bernardo, Mauro Miaguti.

É claro que a crise da companhia traz um impacto negativo, avalia o diretor da regional da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Hermes Soncini. “Mas é algo natural a redução do número de trabalhadores, com a evolução das tecnologias e a globalização”, disse o empresário.



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