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Força de vontade move alfabetização na EJA
Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
14/11/2012 | 07:00
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A simplicidade de aprender a ler e escrever encontra significado especial quando a ação é fruto de força de vontade. Hoje, quando é comemorado o Dia Nacional da Alfabetização, o Diário mostra histórias de pessoas que escolheram ser alfabetizadas, ainda que de forma tardia, porque enxergam no ato a melhoria de vida.

No caso da cuidadora Rosivania da Silva, 36 anos, apresentada ao universo das letras há um ano e meio, a alfabetização consiste em concretização de sonho antigo. Aos poucos, mas não com facilidade, os símbolos deram lugar a palavras que hoje a moradora de São Caetano já consegue ler. "Comecei a trabalhar muito nova, casei cedo e tive de cuidar dos filhos. Só agora resolvi voltar a estudar."

A história da aluna do 6º ano da EJA (Educação de Jovens e Adultos) da EME (Escola Municipal) Professor Vicente Bastos, em São Caetano, integra realidade de 34,3 mil pessoas com mais de 15 anos no Grande ABC que voltaram às salas de aula por vontade própria.

Mais do que saber ler e escrever, a dona de casa aposentada Edelsuita Penna, 69, busca a realização pessoal por meio do conhecimento. Um ano após ficar viúva, aos 67, tomou coragem para voltar à escola e hoje cursa o 2º ano do Ensino Médio na EJA. "Ainda tem muito preconceito, mas não desanimo", garante. A coragem da dona de casa rendeu frutos. Ela incentivou o neto e o filho a voltar aos estudos.

Outro que encontrou na EJA novo sentido para a vida foi o estudante Deyson Sousa, 20, aluno de inclusão do 2º ano do Ensino Médio. Para ele a alfabetização, iniciada aos 15 anos, foi ainda mais difícil tendo em vista a deficiência visual devido a glaucoma. O material adaptado é o que permite o aprendizado, no entanto, foi a força de vontade que proporcionou mudanças, como novos amigos e conquista de namorada.

Diferentemente do que acontece no ensino regular, a alfabetização na EJA depende dessa vontade do aluno em resgatar algo que não foi possível ser feito na época adequada, explica a educadora de jovens e adultos Cristina Trombeta. De acordo com a professora, entre as dificuldades do processo de aprendizagem estão desde a resistência inicial até diferenças de perfis entre os alunos, o que demanda atenção quase que individualizada do educador.

Já a pedagoga da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Claudia Vovio explica que a EJA é formada por grupo de pessoas com necessidades e bagagem diferentes. "A maior parte deles trabalha, tem família e traz conhecimentos diversos", explica.

Segundo a especialista, a alfabetização também sofreu atualização e hoje leva em conta, além de aprender as famílias silábicas, a compreensão do sistema de escrita de forma mais complexa.




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