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Eixo Tamanduatehy: arquiteto usou conceito em Paris
Por Da Redaçao
13/04/1999 | 00:25
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O conceito de quadra aberta desenvolvido pelo arquiteto francês Christian de Portzamparc tem poucas experiências concretas no mundo. A mais importante é um conjunto de apartamentos em Paris, a rua das Formas Altas (rue des Hautes Formes, em francês), de 1975.  

Les Hautes Formes sao um conjunto de edifícios residenciais espremido entre as torres de uma faculdade e os prédios vizinhos. Demonstram que é possível aliar habitaçao em larga escala à qualidade arquitetônica e romper com a indiferença do espaço público.  

A quadra aberta é uma estratégia de verticalizaçao que gera áreas de alta densidade populacional, e nao um quarteirao de ocupaçao rarefeita. O princípio básico é nao tomar inteiramente o terreno com construçoes, mas sim obter um compromisso entre prédios de diferentes alturas, entremeando espaços públicos e privados sem inviabilizar o adensamento, mas gerando um ambiente com qualidade arquitetônica que preserva insolaçao, aeraçao, acústica e a relaçao com a rua.  

Os problemas com os quais Portzamparc lida marcam a vida na metrópole. No bairro de Higienópolis, em Sao Paulo, a verticalizaçao mais antiga se fez com o aproveitamento de terrenos maiores, resultando em construçoes diversificadas entremeadas por espaços públicos e privados amplos. Fruto de uma outra cultura em relaçao à segurança pessoal, os edifícios sao mais abertos para a rua, com jardins e rampas que amenizam a separaçao entre espaço público e privado, ampliando a visao do pedestre. É uma forma de ocupaçao do espaço que se aproxima das idéias de Portzamparc.  

Em Moema e no Itaim-Bibi, a verticalizaçao recente criou o que os arquitetos chamam de paliteiro: os prédios altos dispoem de menos terreno e os vazios entre as construçoes sao menores, dificultando a insolaçao e a aeraçao.

A volumetria e a distribuiçao espacial dos edifícios sao repetitivas, e as ruas estreitas se sobrecarregaram, tal como as redes de água, luz, gás e telefonia, cobrando uma cara expansao dos serviços públicos.  

Segundo o coordenador do projeto Santo André - Cidade Futuro, Maurício Faria, a quadra aberta poderia ser experimentada num dos terrenos municipais situados ao longo do eixo do Tamanduateí. Faria cita a Garagem Pública, que poderia ser transferida para outro ponto da cidade sem prejuízo das suas funçoes.

O terreno seria, entao, oferecido à iniciativa privada com o objetivo de viabilizar um empreendimento nos moldes da quadra aberta.  No quarteirao de Portzamparc, o alinhamento fixo das fachadas sobre a borda do terreno daria ao pedestre a impressao de que, apesar das diferentes alturas, obedecem a uma disposiçao que pode ser apreendida de imediato. O espaço entre as construçoes é preenchido com árvores e jardins, também alinhados com a calçada, dividindo o custo da arborizaçao com os proprietários privados. - JCP




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