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Você ainda pode sonhar!

Organização do Interior do Estado realiza sonhos de idosos por meio de projeto; lares do Grande ABC tiveram adesão recorde

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
25/06/2017 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Nunca é tarde para sonhar... e nem para realizar. É isso o que mostra o projeto Eu Ainda Quero, criado e desenvolvido pela Fundação José Carlos da Rocha, de Pindamonhangaba, no Interior do Estado (leia mais abaixo). Por meio de uma lousa, idosos que vivem em instituições escrevem seus desejos, que são exibidos nas redes sociais. A simplicidade dos pedidos chama a atenção: uma ida ao cinema e até uma simples boneca são alguns.

De 22 lares atendidos, dois do Grande ABC foram recorde de repercussão e sonhos realizados. O primeiro foi o Lar do Ancião, de Diadema, em março, no qual 17 idosos participaram. As fotos deles tiveram 4.520 compartilhamentos no Facebook e desejos concretizados por mais de uma vez. A marca foi superada apenas pela Casa dos Velhinhos Dona Adelaide, em São Bernardo. A postagem dos sonhos de 18 moradores ocorreu no dia 15, feriado, e teve 20.693 compartilhamentos. Quando os funcionários do setor administrativo voltaram a trabalhar, no dia 19, o telefone tocou o dia inteiro. Resultado: em um dia, todos os sonhos foram agendados para virar realidade.

O oficial militar norte-americano Douglas MacArthur já dizia que “a idade enruga o corpo; desistir enruga a alma”. Os moradores do lar são-bernardense não desistem e têm muitos outros sonhos que ainda pretendem realizar. O Diário ouviu três destes desejos que não entraram na primeira oportunidade do pedido.

Fatima Aparecida Brito Salgueiro, 51 anos, já morou na rua, onde sofreu violência de vários tipos, e não tem referência familiar. Ela está prestes a realizar o que pediu no projeto, ou seja, conhecer a cantora sertaneja Marília Mendonça, que a embala com suas canções. Mas outra celebridade também está presente na sua lista de desejos. “Quero conhecer o (apresentador) Luciano Huck. Ele levanta o astral e realiza os desejos de quem precisa (nos quadros de seu programa de TV). Se eu o visse, diria que sou fã número 1”, fala com um sorriso cheio de expectativa.

Armando Rodrigues dos Santos, 67, vai realizar em breve a ida a um festival na cidade de São Roque, no Interior, que lhe traz boas lembranças de quando foi ao evento, aos 15 anos. O outro sonho é ir ao estádio ver o time do coração – o Palmeiras. “Passear é o que me deixa mais feliz nessa vida”, conta, esperançoso.

Terezinha Buzão Ferreira, 75, que pediu e conheceu ontem o comunicador Silvio Santos, agora sonha com acessórios que reforcem ainda mais a vaidade: um relógio grande de pulso e dois ou três brincos que brilhem, “porque gosto de brilho”, ressalta com os olhos assim, brilhando.

E essa resplandecência tem fácil explicação. “Se a gente não sonhar, deixa de viver. Tem de ter esperança sempre”, declara. É como diz verso de uma canção, “nunca deixem que lhe digam que não vale a pena acreditar no sonho que se tem”, pois “quem acredita, sempre alcança”.

Ação nasceu para aproximar pessoas da realidade do idoso


Valorizar os idosos e aproximar a sociedade daqueles que ela, muitas vezes, julga como excluídos. Foi com esses propósitos que a Fundação José Carlos da Rocha, de Pindamonhangaba, no Interior do Estado, criou o projeto Eu Ainda Quero.

Muita gente acha que o idoso que vive em um lar está jogado à morte, e a gente sabe que isso não é verdadeiro”, fala a administradora da Fundação, Renata Linhares. “Tínhamos visto (a iniciativa) em campanha internacional e achamos que seria perfeito para mostrar o quanto eles têm desejos e sonhos, não importa a idade”, completa.

A organização, que atua há 34 anos, assiste a 12 instituições – dez na região do Vale do Paraíba, uma em Diadema e outra na Capital, mas busca outros lares para levar o projeto, como ocorreu com a Casa dos Velhinhos Dona Adelaide, em São Bernardo. Até o momento, 22 locais participaram da iniciativa com um total de 777 idosos e 642 sonhos tornados realidade.

Após tantos desejos concretizados, Renata destaca um que ocorreu no Lar do Ancião, na cidade diademense. “Um vovô disse que queria ir ao zoológico, onde ele havia estado com o filho (falecido aos 21 anos) quando o menino tinha 12 anos. E aquela era a melhor lembrança que ele tinha. Quando o sonho foi realizado, ele chorou. Também não aguentamos e choramos junto. A gente sente a mesma emoção e parece que estamos realizando um sonho também.”

A cada mês, a página da fundação divulga dois novos lares com os desejos das vovós e vovôs, como carinhosamente são chamados. Por enquanto, não há previsão da participação de outra instituição do Grande ABC.


Ato visa cadeiras de rodas motorizadas


Mais do que ajudar os idosos da Casa dos Velhinhos Dona Adelaide a realizar os sonhos, as pessoas podem também auxiliar duas senhoras, em especial, a ter melhor qualidade de vida. Cerca de 50 estudantes de variados cursos da FTT (Faculdade de Tecnologia Termomecanica) realizam, desde o início de maio, uma vaquinha virtual para arrecadar fundos para motorizar as cadeiras de rodas das idosas e implantar sistema de placas para aquecimento solar da instituição, o que possibilitará economia na conta de luz.

A meta é angariar R$ 18 mil, porém, até agora, foram conseguidos somente R$ 8.558, e a campanha terminará no próximo domingo.

Se o êxito for atingido, as cadeiras de rodas motorizadas beneficiarão Vitória dos Santos Camargo e Luzia de Almeida, ambas de 76 anos e com sequelas de AVC (Acidente Vascular Cerebral).

O caso de Luzia é ainda mais delicado, já que ela teve de amputar as duas pernas. “Essas cadeiras dariam mais autonomia para elas se locomoverem, pois hoje dependem de um cuidador para isso”, fala a coordenadora da instituição, Juliana Pereira Antonio Massini, 33.

Já o sistema de aquecimento solar proporcionaria economia de 40% na conta de energia, cuja média é de R$ 2.500 mensais. A adesão à vaquinha virtual pode ser feita por meio do link https://www.kickante.com.br/campanhas/casa-dos-velhinhos-cadeiras-que-libertam.

Para manter todo o atendimento da casa são gastos, aproximadamente, R$ 100 mil mensais, recursos advindos, em sua maioria, do bazar e de eventos beneficentes, além de doações. Mais informações sobre como ajudar podem ser obtidas pelo telefone 4123-1504. 




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