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Ratos de telhado invadem a região
Por Aline Mazzo
Especial para o Diário
28/06/2005 | 08:02
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A nova ameaça aos moradores do Grande ABC tem 25 cm, é preto e fica escondido dentro de casa. Trata-se do rato de telhado, praga urbana que está fora de controle e invade principalmente Santo André e São Bernardo. A preocupação é tanta que o tema foi debatido em reunião do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC neste mês, e reuniu os responsáveis pelo controle de zoonoses e roedores das sete cidades. A migração dos ratos para os demais municípios é o principal risco se a praga não for controlada. A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que, em grandes cidades, existam três roedores para cada habitante.

O rato de telhado pode ter coloração cinza escura ou preta, tem corpo fino, orelhas compridas e cauda longa, de até 13 cm. Esse roedor escala paredes e encanamentos com facilidade e pode cair de uma altura de 15 m sem sofrer danos. Prefere fazer seus ninhos em forros de casa, armários e prateleiras. Possui alta capacidade de reprodução – pode gerar até 48 filhotes por ano – e causa doenças como leptospirose, hantavirose e febre hemorrágica.

A reunião realizada no último dia 16 na sede do Consórcio foi convocada pelas autoridades de saúde de Santo André, que propôs trabalho conjunto de conscientização da população sobre os perigos do roedor e discussão do combate. “Precisamos muito da ajuda das pessoas, pois esse trabalho tem duas frentes: uma é a desratização da cidade e a outra são alguns cuidados que devem ser tomados dentro de casa para que os ratos de telhado não apareçam (ver quadro)”, explica a secretária de Saúde de Santo André, Vânia Barbosa do Nascimento.

A dona-de-casa Inês Garcia de Almeida, 72 anos, moradora da Vila Alzira, em Santo André, tem notado a presença do rato de telhado desde o começo do ano. “Eu nem acredito que um rato é capaz de subir na pia do banheiro ou sobre as mesas. As maçãs que ficam na fruteira são totalmente roídas por eles”, conta. Essas são as características do rato de telhado: sempre procura lugares altos para fazer seus ninhos e se alimenta de frutas, cereais e vegetais. Para evitar que mais roedores entrem em sua casa, Inês fecha todas as portas quando escurece, pois sabe que eles aparecem em seu quintal. É lá que o marido de Inês cria passarinhos. A ração e o alpiste caem das gaiolas e se transformam em banquete para os ratos.

O aparecimento de roedores é a reclamação recordista no serviço de ouvidoria de Santo André. A Secretaria de Saúde informou que no período de janeiro a maio deste ano foram registrados 1.370 ocorrências acusando a presença de ratos em diversos locais da cidade. “É um número grande, por isso vamos tomar medidas enérgicas”, afirma a secretária Vânia. O aumento também foi sentido pelas empresas de desratização. A Combate de Pragas Urbanas de Santo André atendeu 25% mais chamados do que o mesmo período do a-no passado. Para conter o avanço da população de roedores, a Prefeitura reforçou o serviço de desratização na cidade neste mês. O município foi dividido em 19 regiões e o trabalho está sendo feito em uma a uma. A Prefeitura espalhou faixas pela cidade de alerta contra os ratos, com telefone para informações.

A secretária da Saúde diz que no mês de julho será feito estudo aprofundado para saber de onde veio essa praga e como combatê-la de maneira efetiva, já que as medidas tomadas até o momento não tiveram resultado satisfatório. Com esse diagnóstico em mãos, a Prefeitura pretende fazer uma “campanha agressiva” no mês de agosto, para a qual serão contratados mais 60 agentes de saúde. “A maior dificuldade em combater os roedores é que eles ficam na casa das pessoas e as nossas iniciativas são extradomiciliares. Por isso, a ajuda da população é uma das armas mais poderosas que temos”, destaca Vânia.

São Bernardo também notou a presença de ratos de telhado na cidade. “Tivemos um aumento de ocorrências na região do Taboão e no Centro, mas ainda não é um problema grave”, diz o chefe de controle de roedores e vetores da Secretaria de Saúde de São Bernardo, Paulo Francisco Toledo dos Santos. Das oito equipes que trabalham na desratização da cidade, seis atendem exclusivamente aos chamados da população, que, no mês passado, estiveram em torno de 20 a 30 por dia. “Ainda está sendo estudada a possibilidade de aumentar o número de equipes, pois cada vez que atendemos à solicitação das pessoas deixamos um pouco de lado a desratização periódica que fazemos em esgotos, favelas e córregos”, esclarece Santos.

Migração – Apesar de ser comum a existência de ratos de telhado em áreas urbanas, as outras cidades da região não identificaram infestação do roedor. Em Mauá, notou-se um pequeno aumento da in-festação desse tipo de rato no bairro Sônia Maria, que faz divisa com a capital. “Já sabemos que os ratos de telhado são comuns em São Paulo, pode ser uma migração”, afirma o chefe da Divisão de Controle de Zoonoses, Cláudio Rogério Lopes.

Em Diadema e São Caetano, são registradas poucas queixas da população. Nestas cidades, o maior problema ainda são as ratazanas, assim como em Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Para controlar a população de ratos, as cidades do Grande ABC promovem a desratização periódica de redes de esgoto e pluviais, córregos, terrenos baldios e prédios públicos.




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