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Tom e Vinicius no auge
Por Thuane Ianelli
Especial para o Diário
04/09/2008 | 07:00
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Colocar em versos, prosas e estrofes a juventude e a amizade de dois boêmios apaixonados. Dessa forma o ator carioca Marcelo Serrado sonhava contar a história do maestro Tom Jobim e seu amigo, o poeta Vinicius de Moraes. O resultado é Tom & Vinicius - O Musical, com direção de Daniel Herz, que estréia na próxima sexta-feira, às 21h30, no Teatro Copa Airlines, em São Paulo, onde fica até 14 de dezembro.

A amizade de Vinicius e Tom começou em meados dos anos 1950, quando o poeta procurava por um músico para fazer a trilha sonora de Orfeu da Conceição e, ao comentar com Rangel, um amigo jornalista, lá estava Tom e seu violão, tímido e cheio de talento. No momento, Rangel apontou para Tom e disse para Vinicius: "Por que você não chama aquele menino ali?" Desse encontro, nasceu a primeira parceria. Aí também começa o espetáculo dirigido por Daniel Herz.

Como a maioria dos jovens conheceu a dupla marco da bossa nova já idosa, Serrado e Herz optaram por um recorte de 1956 à 1966 para mostrar a forma poética e simples como ambos compunham, cantavam e viviam na juventude boêmia carioca.

O musical tem duas horas de duração e dispensa pompas. "O glamour vai contra esse espírito da bossa", contestou o diretor, revelando que, na construção dos personagens, pessoas como protagonistas do movimento como os músicos Roberto Menescal e Carlinhos Lyra e o jornalista Sérgio Cabral fizeram debates com os atores e falaram com a mesma naturalidade. "Parecia que neles havia um resquício de Tom e Vinicius. Essa simplicidade foi muito interessante", disse o ator Thelmo Fernandes, que interpreta Vinicius.
Já Marcelo Serrado, o idealizador, já tocava violão e arriscava algumas dedilhadas no piano e começou a se preparar para o musical há quatro anos. "Eu não poderia fazer o Tom sem tocar piano clássico", disse Serrado, que deixou de lado os passeios diários à praia para ter aulas, três vezes por semana, de piano.

Fernandes foi um dos 200 que participaram do teste para ser Vinicius e quando recebeu a ligação de Serrado, não acreditou. "A ligação estava ruim. No outro dia liguei de novo e perguntei: ‘Cara, é isso mesmo?'", revelou o ator, que além de ter a aprovação da família do poeta, impressionou com sua semelhança física e gestual.

Guilhermina Guinle faz duas das nove mulheres de Vinicius. "Ambas eram elegantes e inteligentes, enquanto Lucia Proença era carinhosa e cheia de curvas, Lila Bôscoli fumava, se vestia de forma mais masculinizada, com calças e camisas", disse a atriz carioca, que contou com dicas das filhas de Lila para as composições dos papéis.

Segundo Serrado, o advento dos 50 anos da bossa nova foi um simples acaso, pois os estudos e preparos para que o musical fosse realizado começaram há quatro anos.

Para o diretor, fazer o musical é uma mistura de alegria e dor. "Alegria de poder fazer esse recorte (na história dos dois), e dor nas coisas que não coloquei", explicou Herz, que teve de deixar muito material de lado. "Daria para fazer um espetáculo de 20 horas. As histórias são incríveis", explicou Fernandes.

Da amizade aos trabalhos em parceria, ficaram as marcas que Vinicius, com seu jeito irreverente, deixou no tímido maestro, que ganhou expansão após a união. Já para o poeta, o encontro com Tom foi como se ele tivesse rejuvenescido. "Vinicius estava numa fase difícil e Tom foi como um novo começo", contou Fernandes.

Na produção há 14 atores, sete de São Paulo e a outra metade do Rio, e seis músicos. "O maior choque cultural foi que as atrizes de São Paulo davam um beijo e a gente ficava esperando o segundo", brincou Herz, que mora no Leblon.

Tom & Vinicius - O Musical - Estréia amanhã, no Teatro Copa Airlines, do Shopping Eldorado - Av. Rebouças, 3.970, São Paulo. Tel.: 4003-2330. Ingr.: R$ 30 a R$ 100. Sexta e sábado, às 21h30 e domingo, às 18h.




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