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‘Arrumei a casa e tocando 17 obras simultâneas’
Gustavo Pinchiaro
Do Diário do Grande ABC
22/09/2014 | 07:11
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André Henriques/DGABC


Com um ano e oito meses à frente do Palácio da Cerâmica, o prefeito de São Caetano, Paulo Pinheiro (PMDB), deixou de lado o discurso de dificuldades financeiras – por conta dos restos a pagar herdados da administração passada, que chegavam a R$ 264,5 milhões – para justificar adiamento de ações do governo. A palavra de ordem agora é trabalho e velocidade. Com 17 obras de reformas simultâneas de equipamentos de Saúde, Segurança, Educação, Esporte e Segurança na cidade, o peemedebista estufa o peito para dizer que, de fato, “arrumou a casa”. “No primeiro ano gastei com o essencial: Saúde e Educação. Mas não tive oportunidade de gastar com obras, que agora estou tendo. Ano que vem vai ser ainda melhor que esse ano”, anunciou o prefeito.

Em entrevista exclusiva ao Diário, Pinheiro revelou que encaminhará projeto de lei, até o fim do ano, para tornar realidade a promessa de campanha de oferecer bolsas de estudo aos são-caetanenses na USCS (Universidade Municipal de São Caetano). Os critérios de seleção, quantidade de vagas e custos estão passando pelas últimas análises. “Os critérios estão todos estabelecidos, mas quero ampliar esse primeiro modelo para poder atender mais pessoas”, destacou.

Pinheiro explicou que briga na Justiça para baixar o custo de aquisição do Hospital São Caetano, orçado em R$ 36 milhões, pois a avaliação do valor foi feita com critérios abertos, porém o local só poderá servir como hospital. O Consórcio Intermunicipal do Grande ABC acertou que a unidade será transformada em hospital regional de retaguarda e será financiada pela União e gerida pelo Estado. Confira todos os detalhes da entrevista abaixo.

O sr. substituiu Sallum Kalil Neto por Mário Chekin no comando da Saúde. Quais foram os resultados e como está a reformulação no setor?
Estou arrumando a casa e procurando fazer de tudo para que os secretários façam uma gestão em prol do munícipe, melhorando o serviço na cidade. Tinha o Sallum, mas como puxei ele para assumir o Governo, porque o Marco Antônio Santos Silva (ex-titular de Governo) saiu para assumir a Fundação ABC, tirei o Mário Chekin da Secretaria de Serviço Social e coloquei na Saúde. O Mário Chekin está indo bem. Hoje os serviços estão melhores do que quando nós assumimos o governo. Faltavam vários insumos na Saúde. Exames, consultas e cirurgias demoravam até seis meses. Hoje atendemos em até 15 dias. Saúde não tem jeito de estar bem, por mais que faça é sempre preciso melhorar.

Qual foi a receita para reduzir o tempo de atendimentos?
Falar para o profissional da necessidade da população e que ele atenda da maneira mais humanizada possível. Oferecemos cursos de capacitação para os servidores da Saúde. Isso melhorou a qualidade. Sábado estive no PS para cobrar. Quatro médicos deveriam estar na linha de frente do plantão, mas três não estavam. Liguei e dois retornaram. Uma médica não retornou minhas ligações e depois disse que só estaria lá na segunda-feira. Tenho que estar sempre olhando de perto para que vejam que o gestor está atento.

O sr. vai comprar as instalações do Hospital São Caetano para transformá-lo em um hospital regional de retaguarda como definido pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC?
Se não tivermos fundos, vamos pedir ao Consórcio para comprar. Está orçado em R$ 36 milhões, mas foi uma avaliação de como se fosse um terreno para construir qualquer tipo de empreendimento. Ali só pode ser um hospital, então estamos questionando a Justiça para reduzir esse valor. Como vai ser um hospital regional, São Caetano não pode bancar a compra sozinha.

O sr. está introduzindo o conceito de cuidados aos cidadãos da quarta idade. Como funciona?
É a primeira cidade do Brasil a pensar nessa fatia da população. Inclusive, já vieram outros prefeitos para saber como estamos fazendo isso. Na quarta idade são pessoas acima de 80 anos, que geralmente já tem restrições de mobilidade. Várias atividades acontecem nos centros da Terceira Idade. Fizemos uma inauguração no Centro João Castaldelli de uma terapia com videogame, que também propicia diversão. Tem cabeleireiro para eles e salão de beleza completo. São Caetano tem cerca de 5.000 pessoas na faixa da quarta idade e grande parte precisa do serviço público para tratamentos e ter condições de ter avaliações frequentes de profissionais da Saúde.

A Segurança tem sido prioridade do seu governo. O sr. conseguiu aumentar efetivos da PM e GCM e também ampliar a frota das corporações. Como tem sentido o efeito?
Atividade delegada para a Polícia Militar e atividade diferenciada para a Guarda Civil Municipal permitiram aumentar o efetivo. Vou agora entregar 52 novas viaturas, com uniformes e armamentos. São seis viaturas para a PM, 26 viaturas pequenas para a GCM, mais seis blazers para a ROMU (Ronda Ostensiva Municipal). Para o canil também terá quatro viaturas, mais 12 motos e duas bases móveis, que estão inclusas no total de 52. Isso traz sensação de segurança para a população. O delinquente já se afasta, porque vê a quantidade de policiamento e vai para outra cidade que tenha menos polícia. Também vamos construir uma base da GCM na entrada da cidade, no cruzamento das Avenidas Guido Aliberti e Almirante Delamare, para evitar ocorrências. Depois faremos um novo portal na cidade.

Já há projeto para construção do portal?
Vamos fazer um concurso. Não sei ainda se será com os estudantes de colégios da cidade ou com os das faculdades. Vamos pedir para as pessoas darem ideia e nós vamos montar comissão para escolher o melhor projeto. Estou aguardando apresentação formal do projeto do Metrô (monotrilho da Linha-18 Bronze, que passará pela cidade). Preciso saber a altura dos trilhos para definir se a altura do portal. O consórcio que venceu a concorrência do Metrô me visitou e disse que a altura será de 5,60 metros. Espero definição.

Quando será oferecido projeto de bolsas de estudo na USCS?
Estou em constante contato com o reitor da USCS, Marcos Bassi, para que a gente viabilize o quanto antes. Os critérios estão todos estabelecidos, mas quero ampliar esse primeiro modelo para poder atender mais pessoas. Tem um agravante que foi a criação do curso de medicina neste ano, que é muito caro, tem mensalidade de R$ 5.000. E a partir do ano que vem terá mais cinco cursos na área de Saúde. Esse não dará para oferecer bolsa. Para o morador ser beneficiado, terá de passar por avaliação do histórico escolar e renda familiar. E a bolsa terá contrapartida, o beneficiado terá de trabalhar para a Prefeitura. Vai fazer estágio nos serviços públicos. Se não tiver espaço na Prefeitura para o curso dele, vai ser alocado para outra área. Ajudar idosos, por exemplo. Vou mandar um projeto de lei para instituir o programa no fim do ano, para ser aplicado no ano que vem.

Já tem ideia de quantas vagas de gratuidade serão abertas e o investimento que precisará?
Quero dobrar o número de bolsas que está sendo estipulado. Preciso também avaliar o Orçamento do ano que vem.

O que mostra que o sr. de fato está organizando a casa?
A cidade está tocando 17 obras simultâneas de reformas em setores da Educação, Saúde, Esporte e Segurança. Elas já deveriam ter sido feitas no ano passado, mas por problemas de licitação não consegui. O munícipe sabe que tivemos problemas com pessoas questionando nossas licitações no TCE (Tribunal de Contas do Estado) só para atrapalhar. Quando a gente vai soltar uma licitação grande, já soltamos com medo, rezando para não tentarem impugnar. O uniforme escolar foi assim. É uma oposição desleal, prejudica crianças. É normal ter empresas questionando empresas em licitação. Sempre as mesmas pessoas físicas questionando fez o tribunal pesquisar se havia fundamento.

Passado um ano e oito meses de administração, todas as dificuldades foram superadas e o sr. vai, de fato, dar a sua cara na administração?
Sim. O primeiro ano foi de pagar a dívida anterior (R$ 264,5 milhões em restos a pagar). Ano passado paguei quase R$ 90 milhões, e agora não preciso mais pagar tantas coisas. No primeiro ano gastei com o essencial: Saúde e Educação. Mas não tive oportunidade de gastar com obras, que agora estou tendo. Ano que vem vai ser ainda melhor.

Esse conjunto de ações é suficiente para reverter o quadro de queda de avaliação dos prefeitos, como mostrou pesquisa encomenda pelo Diário ao DGABC Pesquisas?
Acho que se fizer pesquisa daqui 20 dias, o indicador será outro. Melhoramos muito de um mês para cá. A área de Segurança foi a que mais melhorou. Pode ir em qualquer lugar de São Caetano, que verá viaturas de polícia.

O sr. sempre defendeu barrar a construção de prédios e regulamentou a lei de outorga onerosa para novos empreendimentos. Já houve pedidos de projetos para novos prédios?
Tivemos 26 ou 28 pedidos de outorga já. Queriam pagar, mas não recebemos porque os projetos não atendiam aos requisitos. Não fiz nenhum liberação de construção, porém ainda tem uns 100 projetos aprovados pela gestão passada. Quero que faça prédios no espaço Matarazzo, naquelas ruínas. Quase todo o espaço ali já está loteado e vendido. Quando a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo) liberar (a área que está contaminada), será construído. Se projetos forem colocados e atenderem aos critérios, serei obrigado a liberar.

Como o sr. entende a postura do candidato a governador do seu partido, Paulo Skaf, de não ter feito campanha em São Caetano e na região?
Creio que ele ainda virá. Não veio, talvez, por problema de agenda, ou o marqueteiro está dando prioridade para algum outro tipo de divulgação. Não sei se ele acha que só programa de televisão resolve. Corpo a corpo na região é importante. Já fiz o convite a ele.

Qual a chance de São Caetano voltar a ter um deputado estadual e um federal?
Para federal é zero. Nem se toda a população votar em um único candidato ele se elege. A média de votos para se eleger federal é entre 90 mil e 130 mil. São Caetano tem 122 mil eleitores. Para estadual temos o (Robinson) Castropil (PMDB), o Cidão do Sindicato (Solidariedade), Horácio Neto (Psol) e o Daniel Córdoba (PSDB). Mas se não forem buscar votos fora será quase impossível se elegerem. O Castropil será bem votado na cidade.

Essa eleição vai influenciar em uma possível reeleição?
Quem vota em mim, vota em mim. Não terá influência nos votos dados ao meu candidato. O que vai determinar a reeleição será o meu governo. 




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