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'Indústria do Holocausto' critica exploração da desgraça
Por Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
02/09/2001 | 18:53
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O Holocausto é uma indústria de chantagem e os judeus norte-americanos e Israel estão entre os grandes opressores da atualidade. Se sentiu mal com essas acusações? Saiba que elas vêm de um judeu, o cientista político Norman G. Finkelstein autor do livro A Indústria do Holocausto (Record, 160 págs., R$ 20). Professor de Teoria Política da Universidade de Nova York, cidade onde nasceu, Finkelstein, 48 anos, filho de um casal que sobreviveu ao campo de concentração nazista de Auschwitz, na Polônia, não tem papas na língua. Sua preocupação é fazer uma anatomia da exploração vergonhosa de um martírio vergonhoso.

Polêmica não é seu objetivo, muito menos ser contra judeus. Em poucas e contundentes páginas, Finkelstein questiona os motivos que levam a mídia e instituições governamentais dos Estados Unidos a se interessarem tanto pela exploração do genocídio de judeus ocorrido durante a Segunda Guerra como sofrimento único. Segundo o autor, a indústria do Holocausto teria começado nos Estados Unidos após a Guerra dos Seis Dias, em junho de 1967. Nessa ocasião, Israel, fortemente armado pelos Estados Unidos, atacou territórios árabes a pretexto de conter o terrorismo.

Dessa época em diante, surgiu o que Finkelstein chama de “O Holocausto”: uma indústria que trata o grupo étnico econômica e politicamente mais bem-sucedido dos Estados Unidos como vítima para conseguir verbas, autopromoção e imunidade crítica. Por outro lado, essa indústria vê Israel, uma das maiores potências militares, como país indefeso e necessitado de ajuda, sempre vinda em forma de vista grossa dos EUA, que trata o país como aliado estratégico no Oriente Médio. Antes de 1967, o holocausto nazista era pouco comentado. Havia um “silêncio respeitoso”. “Meu pai e minha mãe, embora rememorando diariamente aquele passado até o dia da morte, no final de suas vidas perderam o interesse pelo Holocausto como espetáculo público”.

O capítulo mais contundente é A Dupla Extorsão, no qual Finkelstein analisa as indenizações. Pouco mais de mil judeus sobreviveram aos campos de concentração. No entanto, segundo o autor, milhares de indenizações são pagas, inclusive para judeus que forjam um passado para ter acesso às compensações. O Holocausto é usado para chantagem contra bancos suíços, que guardaram ouro judeu a pedido dos nazistas, contra indústrias alemãs e países da Europa Oriental; todos ameaçados de bloqueio comercial. O efeito colateral é o crescente anti-semitismo nessas regiões.

Um dos artífices dessa indústria do Holocausto, para Finkelstein, é o prêmio Nobel da Paz de 1986 Elie Wiesel, judeu romeno, 73 anos, sobrevivente de Auschwitz, cidadão norte-americano. As palavras de Wiesel sobre o Holocausto como um fato único sem comparações no mundo passaram a valer após 1967 como dogma. Autor de livros sobre o tema, incentivou a construção do Museu do Holocausto em Nova York, um dos sete do país, faz parte da Comissão Presidencial do Holocausto, e vive aparecendo na Casa Branca. Finkelstein o considera “bufão” e “charlatão”.

Confira a entrevista concedida pelo autor ao Diário




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