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Zona Azul de Sto.André: tolerância zero
Por Bruno Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
17/01/2007 | 22:52
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Sem avisar a população, a Prefeitura de Santo André acabou com os cinco minutos de tolerância para motoristas que usam a Zona Azul na cidade. Agora, não importa quanto tempo o cidadão fique estacionado em uma das 1.623 vagas públicas da cidade: se parar por um minuto apenas, terá de pagar pelo tíquete de tempo mínimo – meia hora.

Em contrapartida, a administração municipal garante que o tempo de tolerância para quem já comprou o tíquete e estourou o prazo de permanência subiu de cinco para dez minutos. Ou seja, se o usuário pagou por meia hora, poderá utilizar a vaga por até 40 minutos.

A mudança teria ocorrido para atender a uma reivindicação dos comerciantes da cidade, que tinham pedido mais tempo de tolerância para quem paga a tarifa. “Os comerciantes nos procuraram dizendo que seus clientes estavam tomando muita multa em período de até dez minutos após o término do prazo do tíquete. Fizemos um abaixo-assinado e levamos até o Departamento de Trânsito e Planejamento”, explica o presidente da Sol (Sociedade Oliveira Lima), Hélio Fabner.

Ninguém explica, entretanto, porque o benefício da prorrogação do prazo teria de estar atrelada ao prejuízo relacionado ao fim do intervalo de gratuidade.

Mas, Fabner acha que a extinção da tolerância, acordada junto com o aumento do prazo para quem paga tíquete, é justa. “Estacionou na Zona Azul, tem que pegar o tíquete”. Para o representante dos comerciantes do Centro de Santo André, a mudança e a respectiva falta de divulgação da nova orientação não alterarão o fluxo de consumidores nas áreas onde a Zona Azul opera. “O comerciante não vai ter prejuízo”, garante Fabner.

Outros comerciantes da cidade, no entanto, não concordam com o representante da categoria. “Antes, um cliente que vinha aqui tirar uma xerox, fazer um serviço rápido que não ia demorar muito, não precisava se preocupar com multa. Agora, o esquema é outro. Já comecei a perder clientela”, diz Carlos Sordi, proprietário de uma papelaria no Centro. No entanto, o comerciante não tem uma idéia quantitativa dos prejuízos que a mudança deverá trazer.

A população, alheia aos interesses entre comerciantes e Prefeitura, também não aprova a mudança. “Sempre ia até o caixa eletrônico pegar um extrato e não tirava tíquete. Na semana passada, enquanto estava na máquina do banco, vi a fiscal anotando minha placa e tive de sair correndo para não ser multado”, diz um prestador de serviços que pede para não ser identificado.

O dito pelo não dito - O diretor do Departamento de Trânsito e Planejamento da Prefeitura, Eric Lamarca, minimiza o fato. “Nunca divulgamos que havia essa tolerância de cinco minutos. Não tem sentido, então, divulgar que ela não existe mais.”

“Cabe aos comerciantes alertarem seus clientes que eles devem colocar o tíquete. Quem estiver sem está em desacordo com a lei”, diz Hélio Fabner, da Sol. “Eu acho que, se mudaram as regras do jogo, todo mundo deveria ficar sabendo”, rebate o comerciante Carlos Sordi.

Lamarca, da Prefeitura, diz que a tolerância de cinco minutos não era uma norma da administração. “Isso não está no contrato da Prefeitura com a empresa que administra a Zona Azul”, garante. Segundo ele, tratava-se de procedimento operacional adotado pelos agentes da Zona Azul da cidade.

Agora, os agentes receberam a orientação da tolerância zero para quem não retira o tíquete. Já a tolerância de dez minutos para o tíquete vencido, procedimento vigente desde o último dia 4, é uma normatização imposta pela administração municipal – fruto do acordo com a Sol – e vale para todas as áreas da cidade onde há o sistema de estacionamento rotativo.

“Temos a Zona Azul mais barata de toda a Grande São Paulo. E só aqui há opção de um período mais curto, de meia hora”, diz Eric Lamarca. O período de meia hora em Santo André custa R$ 0,60.




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