Setecidades Titulo
Avenida Dom Pedro I tem seu dia de fúria
Por Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
10/09/2005 | 07:37
Compartilhar notícia


A Vila Lutércia, em Santo André, foi palco de um dia de fúria no fim da manhã de sexta-feira. A confusão começou por volta das 11h, quando um motorista que seguia pela avenida Dom Pedro I não conseguiu entrar na rua Alberto Zirlis com sua carreta de cerca de 20 m. O trânsito parou e um passageiro que estava dentro de um ônibus da Viação Nova Santo André, irritado porque não poderia seguir viagem tão cedo arremessou uma pedra contra o coletivo.

O pedregulho quebrou uma das janelas do ônibus e, segundo testemunhas, teria atingido uma mulher que estaria se recuperando de uma cirurgia. A pedra teria acertado o corte que ela sofrera no abdômen durante a operação. Nervosa, ela saiu do coletivo e desmaiou assim que pisou na calçada. Eden da Silva Martins, 18 anos, que atirou a pedra contra o ônibus, foi preso na mesma hora e levado para o 6º Distrito Policial de Santo André, onde foi acusado de dano.

Sua situação só não se complicou ainda mais porque a mulher que teria sido atingida chegou a ir à delegacia, mas não quis formalizar queixa de agressão contra o jovem. Em meio a essa confusão, a poucos metros de onde estava o ônibus, o motorista do caminhão ainda se esforçava para conseguir seguir viagem. Estreita, a rua Alberto Zirlis, onde ele tentava entrar com a carreta, estava repleta de carros estacionados junto ao meio fio.

Acionada para tentar contornar o trânsito no local, a Guarda Civil Municipal não encontrou o motorista junto ao caminhão. Ele estava tentando localizar os donos dos carros estacionados. Nervoso, ao voltar à carreta ele não conseguiu dar a partida no veículo. O caminhão morreu. O motorista, de cerca de 30 anos, tentou uma, duas, três vezes ressuscitar o veículo. Tamanha foi a insistência que o caminhão parou de vez. Agora, por problemas mecânicos.

Irritadíssimo, o motorista, que não quis revelar a identidade, começou a dar um escândalo. Gritou com os motoristas que estavam presos no engarrafamento e com os comerciantes do entorno, que se aglomeraram ao redor da carreta para acompanhar o impasse. Nem mesmo os guardas municipais foram poupados. Diante da situação foi chamado reforço. Por volta das 12h30, uma hora e meia depois do início da confusão, eram pelo menos 20 os policiais no local.

Nem mesmo o cerco armado ao seu redor intimidou o caminhoneiro. Ele ficou ainda mais nervoso. Dizia que queria ir para sua casa, poucas quadras longe dali. Que havia acabado de chegar de uma viagem ao Rio de Janeiro e estava cansado, morto de fome. O caos só não foi maior porque o trânsito da avenida Dom Pedro I já havia sido desviado para as ruas paralelas.

Os carros estacionados no meio fio da rua Alberto Zirlis, que impediam o avanço da carreta, também já haviam batido em retirada. Só que o caminhão não saía do lugar. Depois de muito bate-boca, o caminhoneiro perdeu a cabeça. Atirou os documentos do veículo sobre o pára-lamas da carreta e partiu na direção de um policial militar com quem discutia fervorosamente.

Foi a gota d'água. Outros policiais que acompanhavam o bate-boca avançaram em sua direção e o algemaram. O caminhoneiro pediu calma, disse que aquilo não era necessário. Mesmo sob protestos, o motorista foi levado para o 6º DP de Santo André, o mesmo para onde minutos antes o rapaz que apedrejou o ônibus preso no congestionamento havia sido levado.

A prisão gerou aplausos da multidão que assistia perplexa ao dia de fúria do caminhoneiro. Calmamente, um homem que estava no meio da multidão, entrou no caminhão e, com uma certa habilidade, conseguiu tirá-lo do meio da avenida Dom Pedro I e estacioná-lo na rua Alberto Zirlis. Após algumas horas prestando esclarescimentos na delegacia, o homem foi liberado.

Contra ele, não foi apresentada nenhuma queixa, segundo o delegado titular do 6º DP, Darci Freitas. Nem mesmo por desacato por conta da discussão contra o policial militar. Já o rapaz do ônibus não teve a mesma sorte. Deverá responder a processo e, se condenado, obrigado a pagar pelos danos causados no coletivo.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;