Economia Titulo Consumo
Inflação faz classe D
ir menos ao mercado

Grande São Paulo acumula expansão média dos
preços neste ano superior ao registro do anterior

Por Pedro Souza
09/09/2013 | 07:30
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André Henriques/DGABC


A inflação do segundo trimestre, junto ao impacto do aumento médio dos preços dos primeiros três meses de 2013, foram como uma facada no bolso do consumidor da baixa renda. Eles diminuíram em três vezes as visitas aos supermercados em relação ao mesmo período do ano anterior. Na comparação com o primeiro trimestre deste ano, a situação é ainda mais alarmante, tendo em vista que foram às compras cinco vezes menos.

Esse fenômeno ocorre porque as famílias menos abastadas são aquelas que mais sofrem com a inflação, conforme destacou em palestra na FSA (Fundação Santo André) o presidente da Ordem dos Economistas do Brasil, Manuel Enriquez Garcia, o Manolo. O especialista, que também é presidente do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia), é professor doutor do departamento de Economia da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo) e pertence ao conselho editorial da Revista Estudos Econômicos da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

Na prática, conforme recorte exclusivo ao Diário de pesquisa da empresa Kantar Worldpanel, as famílias das classes D e E foram ao supermercado, no segundo trimestre, 16,8 vezes. No mesmo período do ano anterior, o registro era de 19,8 vezes. Já entre janeiro e março deste ano, o estudo captou 22 idas aos mercados.

Isso ocorre, de modo geral, porque as famílias de menor renda comprometem a maior parte dos salários com alimentos. E como esse grupo de despesas é básico, dificilmente pode ser deixado de lado ou substituído. Sua inflação pesa muito. Naturalmente, em um primeiro momento, as famílias concentram as compras apenas na comida. Depois, acabam deixando de lado as idas ao mercado.

O estudo considera uma cesta de 76 produtos não duráveis e quantas vezes os consumidores seguem até os pontos de vendas para adquiri-los. Mas não estão incluídos os pães, por uma questão metodológica que aponta que essa despesa pode proporcionar distorções no resultado.

 Para chegar a essas conclusões, a empresa realiza entrevistas semanais em 8.200 lares. Desta maneira, com base em cálculos estatísticos, a Kantar apresenta um cenário de 48 milhões de domicílios.

PREÇOS

Levando em consideração o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o acúmulo de inflação entre janeiro e junho era de 3,21% na Grande São Paulo. Este indicador é o que mais se aproxima da realidade das famílias das classes D e E. Isso porque capta a variação média de preços para os domicílios cuja renda está entre um e cinco salários-mínimos, ou seja, entre R$ 678 e R$ 3.390.

Para se ter noção do impacto dos alimentos no bolso dos menos abastados, o INPC apontou que, na Região Metropolitana, os alimentos e bebidas acumularam alta média de preços de 5,37%.

 No primeiro semestre de 2012, com base no mesmo indicador, a inflação geral atingiu 1,88%. Os alimentos e bebidas acumularam 2,93%.

A executiva de marketing e comunicação da Kantar, Carolina Andrade, avalia que, infelizmente, a desoneração que o governo federal realizou nos produtos da cesta básica não foi suficiente para melhorar as condições para as famílias das classes D e E. “Foi bem mais interessante para as classes A, B e C.”

A classe de consumo das famílias não é definida pela renda. O estudo da Kantar leva em consideração o critério Brasil. A metodologia desta classificação é da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa.

Por pontuação, são considerados os números de televisores em cores, rádio, banheiro, automóvel, empregada mensalista, máquina de lavar, videocassete ou DVD, geladeira, freezer (embutido ou não na geladeira) e o grau de instrução do chefe da família. 




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