Cultura & Lazer Titulo Comportamento
Compulsão pode ser o mal do novo século
Fred Furtado
Ciência Hoje/RJ
29/06/2009 | 07:03
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Não conseguir parar de fumar ou beber. Anorexia e bulimia. Essas são algumas das manifestações da compulsão, comportamento que uma pessoa não pode evitar mesmo querendo. Na opinião de especialistas, o aumento dos casos nos últimos anos pode significar que a compulsão é um problema mais sério que a depressão, que já foi denominada o mal do século 21.

Embora se possa pensar que a compulsão é uma doença, segundo o presidente da Federação Brasileira de Psicanálise, o psicanalista e psiquiatra Cláudio Rossi, ela é, na verdade, um quadro que ocorre em muitas condições clínicas e está relacionada, por exemplo, a comportamentos, como os vícios. O psicanalista ressalta, porém, que não há fronteira clara entre o que é doentio e o que é normal nesses quadros e conta que a compulsão ainda não tem uma origem estabelecida, sendo um conceito muito amplo. Ele explica que, embora os profissionais acreditem que haja um componente orgânico na compulsão, isso ainda não foi provado. E acrescenta que o quadro tende a ser mais comum em pessoas muito meticulosas ou perfeccionistas.

"É comum ver alcoólatras ou viciados em drogas, considerados desleixados ou ‘descolados', que quando controlam o vício mostram uma autocobrança muito alta."

CAUSA E CURA - Para o especialista, a psicanálise ajuda a lidar com o problema, mas não se pode dizer que ela o cura. Ela seria importante para as pessoas com sintomas de compulsão, mas o foco da terapia não seriam as manifestações e sim o indivíduo. O objetivo é fazer o paciente entender sua situação e as origens do seu quadro.

Rossi relata que os psicanalistas vêm notando um aumento do número de pessoas com queixas de compulsão, mas que não existem estatísticas que revelem a incidência das compulsões em geral, pois são acompanhados somente os casos graves, como os distúrbios alimentares e o uso de drogas. Uma razão para esse aumento seria o estilo de vida moderno, no qual há pouca margem para satisfações naturais, como descansar ou aproveitar lentamente algo que dê prazer.

"Com isso, aumentam as queixas de pacientes que afirmam levar uma vida vazia", reforça o psicanalista.




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