Começo dos anos 1960. Mauro Salles, secretário do primeiro-ministro Tancredo Neves, organiza grande reunião política do PSD, o maior partido do País. Aluga suíte no Hotel Nacional, em Brasília, providencia bebidas, canapés, chama os líderes políticos. O mineiro Benedicto Valladares, um dos caciques do partido, não iria: o resultado da reunião lhe seria passado por telefone.
Todo mundo na sala, uísque circulando, conversa amena, canapés passando, conversa amena, nada de política. A folhas tantas, todos foram se despedindo, dizendo que a reunião tinha sido ótima. Tancredo ligou para Benedicto Valladares, disse-lhe que a reunião tinha sido boa, e pediu a Mauro Salles para redigir uma nota à imprensa. Salles espantou-se: dizer o quê, se nada tinha sido discutido? Simples: dizer que a reunião tinha sido boa. Como de hábito no PSD, o assunto primeiro era decidido, e só depois havia a reunião para tratar dele.
Falta ao PSDB do candidato José Serra esta percepção, de que certos temas só podem ser tratados internamente. A sucessão de apelos ao governador Aécio Neves para que seja vice de Serra aparece, para a opinião pública, como uma confissão de fracasso eleitoral, que só poderia ser revertido por um vice bom de voto. Mas, se Aécio fosse assim tão decisivo, por que não seria ele o candidato?
Na época da reunião de Tancredo, dizia-se que a UDN era um partido ignorante formado por homens sábios, e o PSD um partido sábio formado por ignorantes. O pessoal do PSDB tem todos os diplomas. E o partido, como se define?

O MESTRE
Tancredo, avô do governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB), completaria agora seus 100 anos. Foi um mestre da política, e também teve como parceiro-rival um político paulista, Ulysses Guimarães. Seria candidato à Presidência o que tivesse mais chances. Foi Tancredo. E nunca se ouviu dele nenhum apelo choroso para que Ulysses fosse o vice.

A HORA DO MILAGRE
Ciro Gomes, do PSB, quer ter Duda Mendonça como marqueteiro caso seja candidato à Presidência. Pode ser: Duda já está na Fiesp, esperando que o social-socialista Paulo Skaf seja candidato ao Governo paulista. Mas, se Duda tivesse o poder de transformar Skaf e Ciro em nomes viáveis, o candidato seria ele.

É CANDIDATO! 1
Plínio de Arruda Sampaio quer ser presidente da República pelo Psol. Disputa com os astros eleitorais Martiniano Cavalcanti e o ex-deputado Babá.

É CANDIDATO! 2
O senador Eduardo Suplicy quer disputar prévias no PT de São Paulo para a escolha do candidato a governador (Lula prefere Ciro Gomes, do PSB). Suplicy também quis disputar prévias contra Lula, em 2002 (não conseguiu). O senador acredita que as prévias foram colocadas nos estatutos do PT para valer.

SELVAGERIA
Parlamento de Uganda examina a aplicação da pena de morte a homossexuais e a tendência é aprová-la. A pena de morte seria aplicada a quem tivesse uma relação homossexual pela segunda vez; na primeira, a pena é de prisão. Quem souber de algum caso de relação homossexual e não o denunciar em 24 horas estará sujeito a três anos de cadeia. A campanha em favor da pena de morte aos homossexuais é movida por cristãos fundamentalistas, ugandenses e estrangeiros. Curioso é que, desde 1986, quando o atual presidente tomou o poder, após guerra civil, Uganda assegurava os direitos fundamentais da população. Para protestar contra a pena de morte aos homossexuais, clique no endereço http://www.avaaz.org/po/uganda_rights/97.php?cl_tta_sign=84fdbe63029ee644f08b061dca39c0b3
Hoje, quatro países do continente africano aplicam a pena de morte aos homossexuais: Mauritânia, Nigéria, Sudão e Somália.