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Ameaça impede escola de desfilar em Sto.André
Por Illenia Negrin
Do Diário do Grande ABC
07/02/2005 | 16:42
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A aspirante União do Morro, que abriria o Carnaval de Santo André na noite de sábado, desistiu de se apresentar quando os carros alegóricos já estavam embicados na avenida. A presidente da escola, Wanda Maria da Silva, 47 anos, sofreu uma ameaça de morte e resolveu não desfilar. Ela ligou para a presidente da Uesa (União das Escolas de Samba de Santo André), Neuza Cavazzana Stocco, e disse que achava que a ameaça partia de seu ex-marido, por isso, achou prudente não sair. Sem a presença da presidente, os 200 integrantes da escola foram prejudicados e não puderam entrar na avenida Firestone. No Carnaval do ano passado, o presidente da Cidade São Jorge, José Carlos Lopes, foi assassinado.

A previsão era que a escola desfilasse às 19h05. Uma hora depois, entrou na avenida a pleiteante Mocidade Imperial. Mas o público vibrou mesmo com a entrada da Tradição de Ouro, que surpreendeu e é forte candidata a integrar a elite da folia na cidade no ano que vem. Com o tema Rio Tamanduateí, dando voltas na história, a escola fez o público levantar da arquibancada, apesar do chuvisco e do vento que tentou esfriar a festa na avenida Firestone. A agremiação foi a primeira do Grupo B a se apresentar, às 21h, e, desde a fundação, há oito anos, nunca desfilou entre as principais.

A Beleza Pura, que fechou a apresentação, também não deixou ninguém sentado ao passar pela passarela do samba com a bateria e a alegria escancarada de seus passistas. O público superou as expectativas da organização e, segundo a Polícia Militar, cerca de 30 mil pessoas passaram pela área de desfile. Foram quase oito horas de festa.

Depois da Tradição, a segunda escola do grupo de acesso foi a Lírios de Ouro, que transformou o ouro, metal precioso, em samba. No desfile da agremiação apareceu a primeira mulher com peitos à mostra. A recordista de topless foi a Oásis da Vila, que cantou o Descobrimento do Brasil e desfilou com duas mulheres com os peitos de fora no carro abre-alas e outras passistas. A agremiação também foi a única a desfilar com quatro carros-alegóricos, um a mais que as outras. Tanta gente à vontade contrastou com os trajes do público, que, ao contrário do que já se viu em outros carnavais, compareceu à folia devidamente agasalhado, com calça jeans, tênis e jaqueta.

Surpresa – O bom desempenho da Tradição arrancou aplausos do público, sorriso dos integrantes e um peso das costas do presidente da agremiação, Luiz Roberto Gomes, o Luizinho, que está à frente da escola de Santa Terezinha há um ano. No sábado foi seu dia de estréia na avenida. “Foi uma luta para unir a comunidade em torno desse projeto. Quando começamos a preparar o Carnaval deste ano, tivemos de começar do zero. Não esperava que a gente fosse fazer tão bonito”, disse, depois dos 50 minutos de euforia na Firestone.

O tema escolhido é velho conhecido dos moradores do bairro-sede da agremiação. No Carnaval passado, o Tamanduateí transbordou e estragou parte das alegorias que já estavam prontas para enfeitar a avenida. Em três carros-alegóricos, a Tradição mostrou a beleza das nascentes, a sujeira que vem com as enchentes e a esperança num futuro de preservação. Com performances arrojadas e uma bateria entrosada, a escola garantiu a simpatia dos jurados. Alguns até sambaram ao som da cuíca – a escola foi a única a arranhar o instrumento na Firestone. O destaque ficou por conta da bailarina Bruna Leone Ataíde, 13 anos, que sambou na ponta dos pés, com sapatilha e tudo, interpretando um cisne.

Outra escola que trouxe bateria e comissão de frente impecável à passarela foi a Beleza Pura, que fechou o primeiro dia de Carnaval em Santo André. A exemplo da Tradição, a agremiação que caiu para o Grupo B no ano passado driblou a falta de recursos com gente talentosa na avenida. Contando a história de Xica da Silva, se os carros alegóricos eram bastante modestos, não se pode falar o mesmo da empolgação dos passistas. A Beleza foi a que mais animou a arquibancada, com direito a coreografia especial para os integrantes da bateria. Ninguém ficou sentado. E os que agüentaram até o fim do desfile deixaram a Firestone cantando o refrão do enredo.

A Acadêmicos do Centreville, penúltima da noite, apostou em personagem polêmica para tentar subir ao Grupo A. Dona Beija, Senhora de Araxá foi o tema do desfile da escola que demorou quase meia hora para entrar na avenida. A Oásis da Vila também atrasou. As duas pelo mesmo motivo: os ônibus que levariam os integrantes até a Firestone não chegaram no horário.

Na quarta-feira, a cidade conhece a escola campeã. A apuração ocorre às 14h, no ginásio Pedro Dell’Antonia.



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