Rafael Calomeni estreou em Mulheres Apaixonadas cercado de expectativas. Era citado como um novo Reynaldo Gianecchini, em alusão ao galã que despontou em Laços de Família, do mesmo Manoel Carlos e da mesma Globo. Além disso, o próprio autor prometeu que o romance de Expedito e Lorena, personagens de Rafael e Suzana Vieira, daria muito o que falar. Mas numa novela recheada de escândalos e tramas paralelas, a relação do garotão com a patroa, 30 anos mais velha, prossegue em céu de brigadeiro. Pelo menos até agora.

Nas próximas semanas, Expedito se envolverá com uma mulher mais nova, cuja identidade o autor guarda segredo. A reviravolta é a chance para Calomeni ganhar mais espaço e sair da sombra de Suzana. “Começar numa novela das oito é uma oportunidade única e vou aproveitar ao máximo a minha chance. Afinal, passei por um processo de seleção e não entrei de gaiato”, afirma o ator de 30 anos.

Até ser confirmado no papel de Expedito, Calomeni se submeteu a três testes e quatro meses de espera. Nesse tempo, deixou o cabelo crescer para dar o tom rústico do personagem. A angústia da expectativa só não foi maior que a alegria de saber que tinha sido escolhido. “Não fui indicado por ninguém. Não tinha pistolão nem amizades na Globo. Se me escolheram, foi porque gostaram do meu trabalho”. Nas primeiras gravações, o ator conta que se sentiu em ebulição, mas manteve a pose. “A Maria Padilha chegou até a me chamar de gelado. Mal sabia ela”.

A vontade de ser ator acompanha Calomeni desde a infância. Mas para o descendente de italianos nascido em Nova Iguaçu, subúrbio do Rio, a carreira artística parecia um sonho distante. Foi em 1995 que Calomeni deu o primeiro passo. Aos 22 anos, participou do concurso The Look Of The Year e começou a trabalhar em São Paulo. Acabou especializando-se em comerciais (foram mais de 80 ao todo). “Mas sempre mantive os pés no chão. Tanto que fiz escola técnica em edificações e cheguei a cursar as faculdades de Fisioterapia e Educação Física”, diz.

Somente em 2000, Calomeni resolveu apostar na carreira de ator. Passou a dividir seu tempo entre o trabalho como modelo e os vários cursos livres de interpretação que encontrava pela frente. No ano passado, fez uma participação na novela Marisol, do SBT. Ele foi convidado pelo diretor de elenco, Fernando Rancoleta, para interpretar um detetive que tentava ajudar Marisol, vivida por Bárbara Paz, a encontrar seu filho desaparecido. O personagem, contudo, não foi adiante. “Imagine-me de terno, com meus 1,89m de altura. Fico parecendo qualquer coisa, menos detetive!”, diz, bem-humorado.

Pouco tempo depois, Calomeni foi aprovado na seleção da Globo. Para compor um roceiro que se envolve com a patroa, o ator bem que tentou se inspirar nos hábitos e trejeitos de trabalhadores rurais. Mas o laboratório foi logo abortado pelo diretor da novela, Ricardo Waddington. “Ele disse que me queria o mais neutro possível no vídeo e que o personagem viria naturalmente”, afirma o ator, que tenta filtrar as críticas a respeito da sua atuação. “Aceito as observações construtivas, mas procuro me fechar para quem fala mal só por falar”.

Do público, Rafael afirma que só recebe demonstrações de carinho e alguns palpites sobre a relação com a namorada mais velha. No início, porém, o ator chegou a temer a recepção dos próprios colegas de elenco. Afinal, iria contracenar com veteranos da televisão que poderiam não ter muita paciência com um novato. “As coisas aconteceram muito rápido para mim e achei que poderia ser discriminado. Felizmente, são todos ótimos. Dão toques, elogiam, criticam e me encorajam a seguir em frente”.

Relação delicada – Em Mulheres Apaixonadas, Expedito e Lorena vivem uma relação de opostos complementares. Ela, mais velha e experiente, conduz os passos do modelo em ascensão. Ele, jovem e tímido, acata de boa vontade os conselhos da amada. Na realidade, a relação de trabalho entre Calomeni e Suzana parece não fugir muito à ficção – embora o ator seja bem mais expansivo que o roceiro bonitão e Suzana, muito mais espalhafatosa que a sensata Lorena. “Ela é muito generosa em cena e vive me dando dicas. Não existe competição entre a gente”, diz Calomeni.

De fato, Suzana não deixa espaço para disputas. Em tom de brincadeira, espalha aos quatro ventos que quem comanda o show é ela e que o rapaz tem sido um bom pupilo ao chegar na hora marcada e com o texto decorado. Rafael confirma apenas que é profissional e não deixa brecha para reclamações. “Estou no meu primeiro trabalho, tentando me manter de pé e retribuir a confiança depositada em mim. O resto vem com o tempo”.