O fluxo cambial deve manter a trajetória de recuperação verificada no mês de agosto, contribuindo para a valorização do câmbio. Essa percepção se baseia nas informações sobre novas operações de captação de recursos, tanto por meio de emissão de bônus no Exterior, que dão os primeiros sinais de retomada, como no mercado de ações, onde as ofertas prometem esquentar nos próximos meses. Há várias operações de oferta de ações "no forno", que podem levantar cerca de R$ 13 bilhões neste semestre, segundo informações preliminares.

Especialistas estimam que a participação de investidores estrangeiros nesse volume deve repetir a média verificada nas operações recentes, de 60%. Segundo levantamento realizado pela CM Capital Markets, já anunciaram ofertas de ações, tanto primárias quanto secundárias, as empresas MRV Engenharia (estimativa de US$ 331,32 milhões); e Banco Santander (estimativa de US$ 2,590 bilhões) que, juntas, representam cerca de R$ 6 bilhões (com câmbio a R$ 1,90). Também a Gol anunciou a oferta de ações, primária e secundária, no valor estimado de R$ 550 milhões a R$ 650 milhões; a GVT, oferta secundária, no valor esperado de R$ 800 milhões; a Multiplan, oferta primária, estimada em R$ 650 milhões; a PDG, oferta primária entre R$ 750 milhões e R$ 800 milhões; Cetip, oferta primária com valor entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões; e Rossi, que pode captar entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões, além da Tivit e da Direcional Engenharia.

Para o diretor da Ágora Corretora, Álvaro Bandeira, o mercado tem potencial para ampliar o volume de ofertas de ações neste ano, o que terá como consequência o ingresso de recursos externos. "Como o Brasil sofreu menos com a crise, é natural que investidores estrangeiros ampliem exposição no País."

Também o caminho para emissões de títulos no Exterior começa a se abrir, ainda que em um ritmo mais modesto do que o da Bolsa. A CSN inicia hoje um road show para potenciais investidores para promover uma emissão de bônus no valor de até US$ 750 milhões.