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Micros e pequenas empresas da região são líderes em SP
Por Frederico Rebello Nehme
Do Diário do Grande ABC
10/08/2005 | 08:13
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As micro e pequenas empresas do Grande ABC foram o destaque do mês de junho na mais recente pesquisa de conjuntura do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo). O faturamento real dos estabelecimentos do segmento na região foi o maior do Estado de São Paulo, com crescimento de 9,6% na comparação com maio.

O crescimento médio do faturamento das MPEs (Micro e Pequenas Empresas) no Estado de São Paulo foi de 4,9%. A RMSP (Região Metropolitana de São Paulo) teve uma alta de 8,3% em junho; o interior do Estado cresceu 0,9% e o município de São Paulo, 7,6%.

O resultado que colocou as MPEs do Grande ABC na liderança estadual foi impulsionado pelos setores de serviço e comércio, que tiveram um crescimento proporcional maior do que outras regiões do Estado, segundo o coordenador de pesquisas econômicas do Sebrae-SP, Marco Aurélio Bedê.

A alta do faturamento do mês de junho na região e no Estado de São Paulo foi sustentada pelo crescimento da massa salarial dos trabalhadores, na avaliação do Sebrae-SP, e influenciada diretamente pelo Dia dos Namorados e pelo recebimento de valores relativos a parcelamento de compras no Dia das Mães. Também pesou o calendário deste ano - junho teve um dia útil a mais que maio.

Indústria - Apesar do crescimento, a pesquisa do Sebrae-SP indica que as MPEs industriais do Grande ABC e do Estado estão em desaceleração em 2005, com uma queda de 2,4% no primeiro semestre em todo o Estado, enquanto os setores de serviço e comércio tiveram altas de 3,6% e 5,3%, respectivamente. No mesmo período, as MPEs paulistas geraram 233 mil novas vagas.

O resultado da indústria fez com que o superintendente do Sebrae em São Paulo, José Luiz Ricca, revisasse a projeção de crescimento das MPEs paulistas para 2005 de 5% para menos de 3%.

"A indústria já acendeu a luz vermelha e puxou o freio de mão. Está sofrendo com os altos juros praticados no Brasil. A pequena indústria é um indicador do que acontecerá com a economia nos próximos meses, é a primeira que sofre e a última que se recupera. Esse resultado nos fez revisar nossas metas para este ano", afirmou Ricca.

Mesmo com a retração no semestre, a indústria teve resultado positivo em junho: alta de 2,5% em relação a maio. O item Serviços, entretanto, liderou o crescimento setorial, com 10,2% na comparação com o mês anterior, seguido do comércio, com 3,1%. Esses resultados, entretanto, vieram acompanhados da redução de 35 mil postos de trabalho em junho - considerada um "ajuste normal" de mão-de-obra, segundo o Sebrae-SP.

Redução maior - No Grande ABC, o faturamento da micro e pequena indústria registra uma baixa ainda maior em 2005 do que no resto do Estado, segundo Bedê, coordenador de pesquisas econômicas do Sebrae-SP (os dados por setor de atividade não foram divulgados), fazendo com que os resultados do semestre fossem inferiores à média estadual.

"A indústria do Grande ABC registrou um crescimento mais acentuado ao longo do ano passado, o que influenciou no resultado deste ano. Depois de crescer em 2004, a micro e pequena indústria do Grande ABC está num ritmo menor que o resto do Estado", afirmou o pesquisador.

Para o economista Marcos Cesar Lopes Barros, coordenador do Observatório Econômico de Santo André, o desempenho da micro e pequena indústria no Grande ABC pode ser explicado pela própria natureza da cadeia automotiva e do setor químico e petroquímico - aos quais essas empresas estão essencialmente ligadas.

"Temos uma estrutura industrial muito concentrada no Grande ABC, e as micro e pequenas indústrias são muito sensíveis às oscilações de mercado, e à forte competição. A saída para essas empresas é trabalhar em associação, como nos APLs (Arranjos Produtivos Locais)", afirmou.

A pesquisa do Sebrae-SP sofreu alteração na sua metodologia, com o objetivo de ampliar a base de dados e atualizar seus parâmetros. O estudo, realizado há oito anos e que representa 1,3 milhão de MPEs paulistas, passará a considerar empresas de pequeno porte com faturamento de até R$ 2,1 milhões anuais - contra R$ 1,2 milhão, anteriormente.

Também foi alterada a composição da pesquisa. Antes, a indústria representava 13% do total das MPEs, e agora representa 11%; o setor de serviços passou de 30% para 32%; e as MPEs do comércio continuaram representando 57% do total.




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