Turismo Titulo Sede da Copa 2018
Rússia: semelhanças para além das diferenças

Belezas arquitetônicas e rica história são atrações à parte para os turistas que vão participar da Copa

Por Daniela Pegoraro
Especial para o Diário
15/03/2018 | 00:15
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Pixabay


A Copa do Mundo é o evento mais esperado pelos fãs de futebol. Depois de, em 2014, a competição ter movimentado o Brasil, neste ano os olhos de todos os continentes se voltarão a outra sede: Rússia. Os jogos serão distribuídos em 11 diferentes cidades do país, sendo elas a capital Moscou, São Petersburgo, Kazan, Sochi, Caliningrado, Níjni Novgorod, Samara, Volgogrado, Saransk, Rostov-on-Don e Ecaterimburgo. Mas quem tem a chance de viajar ao destino para ver os jogos também terá a oportunidade de conhecer a Rússia e todos os seus inacreditáveis pontos turísticos, históricos e arquitetônicos.

Para começar, os brasileiros que vão torcer pela Seleção podem ficar sossegados com o clima. Embora a Rússia seja conhecida por suas baixas temperaturas, os jogos acontecerão de 14 de junho a 15 de julho. Nesta época é verão e as temperaturas chegam a atingir os 35ºC. É inclusive neste período em que acontece fenômeno chamado noites brancas, quando praticamente não anoitece no país.

Outra preocupação que pode ser tirada da cabeça dos turistas é a questão da acessibilidade aos locais e a receptividade dos russos. Professor de História de Ribeirão Pires, Nicolau Kardash visitou o país pela primeira vez em 2014 e voltou a explorá-lo em outubro do ano passado. Em sua segunda passagem, ele explica que notou muitas adaptações para a chegada da Copa. “Antes, todas as sinalizações estavam em russo, no alfabeto cirílico – também conhecido como azbuka, é alfabeto cujas variantes são utilizadas para a grafia de seis línguas nacionais eslavas, além do ruteno, e outras línguas extintas. Da última vez em que visitei, já havia placas e estações do Metrô sendo anunciadas em inglês”.

Entretanto, ele enfatiza que realmente o idioma pode ser um empecilho, visto que os russos não costumam falar em outro idioma. Quanto aos próprios russos, o professor enfatiza que existe certo preconceito e exagero sobre a ‘frieza’ do povo. “Acham que os russos são fechados, mas depois que passa a conhecê-los, se mostram pessoas amáveis e solícitas. Inclusive, eles amam brasileiros. Se você conta que é brasileiro eles fazem festa.”

Quem visita o destino até nota certa semelhança entre brasileiros e russos. “Não sei se está na resignação, no sofrimento, no multiculturalismo de países de proporções continentais. Eles são festeiros como a gente, mas com outra dinâmica de fazer amizade. Só botam na roda amigos de amigos. Se eu fosse russo e apresentasse alguém a meus amigos russos eles passariam a confiar em você na hora”, conta o jornalista de Santo André Thiago Mariano, que viajou para Moscou em 2014. Ele ainda acrescenta que em todos os lugares que visitava, ouvia músicas brasileiras. “Acho que, de alguma forma, eles gostam muito mesmo do Brasil”, relata.

DICAS DE QUEM VISITOU
Das cidades que vão sediar os jogos, Moscou e São Petersburgo são os dois pontos mais visitados e imperdíveis. Thiago Mariano viajou para a capital da Rússia no inverno e enfrentou uma temperatura de -20ºC. “Lá são preservadas todas as características mais orientais e históricas do país”, explica. Para ele, quem vai não pode deixar de conhecer o turismo ao redor da Praça Vermelha. É nela que estão o Kremlin, Catedral Kazan e o cartão-postal da cidade, que é a Catedral de São Basílio. “Também recomendo visitar as galerias Tretyakov. Dentro delas ficam todas as representações artísticas da cultura russa.”

Pode parecer inusitado para quem mora no Brasil, mas na Rússia, as estações de trem e Metrô também são um ponto de cultura e arte. Um dos maiores projetos arquitetônicos da União Soviética, as estações são consideradas como patrimônio cultural. “Uma delas tem salão gigantesco, onde toda a história da Segunda Guerra é recontada em murais, afrescos e painéis”, detalha Mariano.

Já Nicolau Kardash, que foi ao país visitar familiares, relata que, sem dúvidas, a cidade mais bonita é São Petersburgo. “É um lugar que foi todo planejado, com lindos canais e pontes”. Os pontos que não podem deixar de ser conferidos são a Praça do Palácio, onde está instalado o Museu Hermitage, a Catedral de São Isaac, o Jardim de Verão e a Igreja do Salvador do Sangue Derramado.

Quanto à gastronomia do país, Kardash explica que não é tão exótica quanta as pessoas pensam. “Só não vei ter arroz e feijão”, explica. De acordo com o professor, a base da culinária é repolho, batata, massa, carne de porco e frango. Embora já tenha visitado o país duas vezes, ele conta que não teve tempo de fazer tudo que queria. “Já estou planejando voltar para a Rússia no fim do ano.”

EXPECTATIVAS DE QUE VAI
Faltando cerca de três meses para a Copa do Mundo, tem gente que está de viagem marcada. Uma delas é a bancária de Santo André Samira Rodrigues. A empresa na qual trabalha lançou o desafio de vendas, em que a premiação seria pacote de viagem para a Rússia. Resumindo a história, sua agência venceu e essa vai ser a primeira vez em que a bancária visitará o país.

O roteiro dos sete dias foi feito pela empresa, o qual ela ainda desconhece. Porém, sabe que Moscou e São Petersburgo estão garantidas. “Com certeza quero visitar a Praça Vermelha, a mais famosa de Moscou, além das igrejas que são monumentos”, conta.

“Em uma das minhas pesquisas me chamou muito a atenção o fato de os russos não falarem inglês, o que será dificultador”, explica, mas não espera que isso seja grande problema, pois estará acompanhada de colegas e guia.

Como vai na época dos jogos, a temperatura também não a preocupa. Na verdade, as expectativas são as melhores. “Imagino que pela visita ser durante a Copa, espero que a receptividade seja boa”, relata.

NEM TUDO SÃO FLORES
Embora a fama de ‘frieza’ dos russos seja exagerada, o prefeito de Caliningrado, uma das cidades-sedes, pediu para os habitantes deixarem a cidade durante o Mundial e não baterem nos torcedores estrangeiros. A referência é especificamente para os ‘hooligans, torcedores de futebol. Além disso, foi lançado manual para orientar a comunidade LGBT. É que o país é famoso por seus casos de homofobia explicita.

GUIA DE VIAGEM
- Não precisa de visto. Quem está pensando em visitar a Rússia não precisa se preocupar em tirar o visto Russo. Desde 2010, só o passaporte dá direito aos brasileiros a permanecerem 90 dias em terras russas. Ainda durante a Copa, os turistas poderão circular pelas cidades que sediarão os jogos.
- O idioma pode ser uma dificuldade. Isso porque são poucos os russos que sabem falar inglês. A recomendação é utilizar aplicativos de tradução para se guiar no país.
- A moeda russa se chama Rublo. Até o fechamento desta reportagem, a cotação do rublo era de R$ 0,05712. Basicamente, R$1 equivale a 17,5144 rublos. Parece muito, mas o seu peso é diferente. Por exemplo, uma panqueca em um restaurante fast-food pode chegar a custar 300 rublos. Dólar e euro também são aceitos no país, o que pode ser boa alternativa para levar na viagem caso não encontre uma casa de câmbio que emita rublos. Aliás, esta é uma missão complicada.
- Fuso horário. O território russo passa por nove fusos diferentes. Em Moscou, são seis horas a mais que em Brasília.
- Para chegar até lá. O voo do Brasil até a Rússia demora, em média, 16 horas.
- Transporte não vai ser um problema. Os metrôs das cidades Moscou e São Petersburgo têm linhas que cobrem toda a cidade. Quem preferir, pode utilizar o Uber, que também funciona por lá.

OLHAR PARA O DESCONHECIDO
Além da capital Moscou e da famosa São Petersburgo, a Rússia vai sediar os jogos da Copa do Mundo em outras nove cidades. Embora menos conhecidas, cada uma delas possui importância histórica e cultural para o país. Um dos exemplos é Saransk. Fundada em 1641, ficou conhecida como capital russa dos esportes de caminhada. São mais de 40 igrejas e capelas distribuídas no município, como a Catedral do Santo e Justo Guerreiro Feodor Ushakov. Museus, galerias e teatros também chamam a atenção por sua grandeza arquitetônica. Já em Rostov-on-Don é possível visitar o Parque da Revolução, onde fica a terceira maior roda-gigante da Rússia. Fundada em 1749, a cidade ganhou esse nome justamente por ser banhada pelo Rio Don. Veja outras sedes:

SOCHI.
A cidade possui temperaturas mais amenas durante todo o ano. Até mesmo no inverno da Rússia não passa do 0ºC.
Lá, são famosas as praias e orlas próximas ao redor do Mar Negro.

KAZAN.
No kremlin da cidade de Kazan é imperdível a Mesquita de Kul Sharif. Característica das construções muçulmanas, também conta com o museu do Islã, cuja entrada custa 200 rublos.

NÍJNI NOVGOROD.
Situada entre o Rio Volga e as colinas, é uma das cidades mais populosas da Rússia. Lá, vale conferir o Jardim Zoológico, o Parque Shveitzariya e o monastério Pechersky Ascension.

ECATERIMBURGO.
A cidade, conhecida por ser uma parada da estrada de trem Transiberiana, abriga a Casa Sevastyanov, que é considerada patrimônio arquitetônico nacional.

VOLGOGRADO.
Com grande valor histórico para a Rússia, anteriormente a cidade era conhecida como Stalingrado, onde ocorreu a grande batalha da Segunda Guerra Mundial.

SAMARA.
A cidade é berço da engenharia aeroespacial russa. Além do Museu da História Espacial, o Templo de São Jorge abriga uma das mais rebuscadas arquiteturas do local.  




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