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PSDB pede CPI e diz que PT 'perdeu a virgindade'
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14/02/2004 | 00:06
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Mal estourou o escândalo, nesta sexta-feira de manhã, envolvendo o ex-subchefe de assuntos parlamentares da Presidência Waldomiro Diniz, o PSDB saiu a campo nas cobranças ao governo com o pedido de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) e o afastamento do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, do Palácio do Planalto.

"Finalmente o PT perdeu a virgindade", disse o líder do PSDB, deputado Jutahy Magalhães Júnior (BA), ao pedir na tribuna o afastamento imediato do ministro Dirceu, até a conclusão das investigações. Quase ao mesmo tempo, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), e o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) também pediam a CPI e a saída imediata de Dirceu, até que seja investigada a atuação de Waldomiro.

Jutahy cobrou também uma resposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva às denúncias contra Waldomiro Diniz. "Ou o governo é inocente, ou é idiota e não conhece quem é o Waldomiro Diniz, ou não é idiota e nomeou Waldomiro exatamente para isso", disse Virgílio, referindo-se à atuação do assessor em relação a cobrança de propinas. "Fico estarrecido. Esperava incompetência, aparelhamento do Estado e burrice dele. Mas, sinceramente, não esperava corrupção", completou.

O PFL teve uma atitude mais cautelosa. Segundo o líder pefelista na Câmara, deputado José Carlos Aleluia (BA), o partido vai analisar se é o caso de CPI porque não quer ter "o mesmo comportamento anárquico que o PT tinha como oposição". E o senador Antônio Carlos Magalhães acrescentou: "não descarto CPI, mas também isso não será preciso se o governo esclarecer tudo, devidamente."

O requerimento de CPI apresentado pelos tucanos solicita a apuração, no prazo de 180 dias, das denúncias de envolvimento de Waldomiro Diniz em esquema de corrupção relacionado a jogos clandestinos. O requerimento pede a apuração da "extensão do envolvimento do subsecretário em fatos relacionados com tráfico de influência e corrupção ativa no uso de seu cargo público com possível envolvimento de outras pessoas".

Na justificativa para o pedido apresentado no requerimento, Antero Paes de Barros afirmou que desde a CPI do PC Farias - Paulo Cesar Farias, ex-tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello - não ocorria um fato político de tamanha relevância.

Confusão - A reação de petistas e aliados, ao longo de todo o dia, foi de desorientação e discursos divergentes. Parlamentares das alas mais esquerdistas do PT defenderam a investigação no Congresso, enquanto os mais moderados adotaram a cautela.

O ex-líder do PT na Câmara, Walter Pinheiro (BA), foi um dos que defenderam a apuração das denúncias. "CPI não tem nenhum problema. Está em consonância com a posição tradicional do PT e, ao contrário do que diziam os tucanos, eu acho que ela não paralisa nada e não prejudica nada", disse Pinheiro. "Prejudiciais são as ilações envolvendo o ministro José Dirceu, que tem integridade, caráter, preparo político e não daria um vacilo destes de jeito nenhum."

"Não aceitaremos que venham colar o episódio na figura do ministro José Dirceu", completou Pinheiro.

Para a nova líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), que considerou a denúncia "grave", o partido deve esperar pelas investigações da Polícia Federal, pedidas pelo presidente Lula. "O caráter, a seriedade do presidente Lula não estão em questão". Sobre CPI, a líder disse que consultará a bancada do partido segunda-feira, antes de responder se assinará ou não o pedido de CPI para apurar o caso.

CPI - Na argumentação em defesa da CPI, o texto tucano apresentado no Congresso diz que "dado o envolvimento direto de funcionário da Presidência da República, somente uma CPI terá capacidade de investigar a fundo o esquema de corrupção."

Nesta sexta-feira mesmo os tucanos começaram a recolher as 27 assinaturas necessárias para a instalação da CPI no Senado. Em menos de meia hora que começou a circular no Senado, o requerimento já havia obtido quatro assinaturas. "O Waldomiro é tratado nesta casa como ministro", afirmou o senador Efraim Moraes (PFL-PB), ao informar que ajudaria os tucanos a recolher assinaturas para a abertura de uma CPI.

Em seu discurso na tribuna da Câmara, o líder Jutahy Magalhães Junior enfatizou que as denúncias contra Waldomiro Diniz "são muito graves e mostram que ele agia a mando do PT".

"Ficou claro que o Waldomiro estava lá com uma ação partidária, cumpria uma tarefa do partido", disse o tucano. "Tanto é assim que parte do dinheiro da propina saiu do Rio e veio para uma campanha eleitoral em Brasília", acrescentou, referindo-se à parte da denúncia em que parcela dos recursos obtidos por Waldomiro teria sido destinada à campanha de Geraldo Magela ao governo do Distrito Federal.




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