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Homicídio cai 70% nas
sete cidades em 10 anos
Por Evandro De Marco
Do Diário do Grande ABC
07/02/2011 | 07:00
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Nos últimos dez anos, a região do Grande ABC registrou redução de 70% nas ocorrências de homicídios segundo dados da SSP (Secretaria de Segurança Pública). O índice de 949 assassinatos ocorridos em 2001 despencou para 285 no ano passado.

Três cidades da região terminaram a década com motivos ainda maiores para comemorar. Em 2010, São Bernardo, São Caetano e Mauá se enquadraram no padrão de ocorrência de homicídios estipulado como aceitável pela ONU (Organização das Nações Unidas), de até dez assassinatos por cada grupo de 100 mil habitantes. A média do Estado é de 10,4.

"Não é porque conseguimos este bom desempenho que podemos nos acomodar. Isso nos motiva, mas sabemos que o combate à criminalidade é o nosso dia a dia", ponderou o comandante da Polícia Militar na região, coronel José Luiz Martins Navarro.

As explicações para o recuo do número de homicídios no Grande ABC vão desde a implantação de sistemas tecnológicos avançados até a campanha e estatuto do desarmamento, além das medidas tomadas em âmbito estadual na última década.

As armas

As polícias Civil e Militar passaram a contar com sistemas informatizados e bancos de dados que proporcionam o mapeamento das ocorrências indicando local, horário e até faixa etária dos envolvidos.

 "Conseguimos cruzar todos esses dados para orientar nossos trabalhos de investigação e a repressão ostensiva da Polícia Militar", revelou o delegado Maurício Guimarães Soares, que comanda o Setor de Inteligência do Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo).

A maior interação entre as polícias é outro ponto ressaltado como positivo no combate à criminalidade; a elucidação dos homicídios é outro ponto a favor da diminuição do índice. "A polícia tem prendido mais, o que tira a impressão de impunidade", analisou o especialista em segurança pública, José Vicente da Silva.

O combate ao uso de armas de fogo também impulsionou a diminuição do número de mortes violentas no Estado e encontrou no Estatuto do Desarmamento, implantado em 2003, amparo legal. "Antes, a pessoa que era pega com uma arma era levada à delegacia e liberada depois de pagamento de fiança. Agora, é presa em flagrante", explicou Soares.

 Lei Seca contribuiu com queda, segundo especialista

 Uma medida adotada por duas cidades da região é apontada por especialistas como importante instrumento para diminuição das ocorrências de homicídio: a Lei Seca, adotada inicialmente em Diadema e recentemente em Mauá.

As operações para fechamento de bares após as 23h começaram em Diadema no início da década passada. A cidade ostentava o título de mais violenta do Estado.

A Lei Seca é apontada pelo especialista em segurança pública José Vicente da Silva como uma das responsáveis pela redução drástica dos assassinatos na cidade entre os anos de 2001 e 2006, passando de 238 casos para 78. "O álcool é potencializador de muitos crimes, como agressões que, depois, terminam em morte por vingança."

Em Mauá, a Lei Seca foi adotada no fim de janeiro de 2009 como uma das respostas do poder público a duas chacinas que aconteceram nos primeiros dias daquele ano, que fechou com saldo de 68 assassinatos, segundo dados do Estado. A incidência desse tipo de crime caiu pela metade em 2010. "O que nós temos é uma melhoria da ordem pública. Nesses bares, muitas vezes, são combinados outros crimes, que acabam sendo evitados."

 Em 2010, apenas Diadema registrou mais assassinatos

 Mesmo registrando queda de 65,96% nas ocorrências de homicídios entre 2001 e 2010, Diadema poderia ter um desempenho ainda melhor se a cidade não tivesse computado aumento de 42% no número de assassinatos entre 2009 e o ano passado.

O coronel Luiz Ernesto Melchior, comandante da Polícia Militar na cidade, atribui grande parte dos assassinatos a motivos passionais e de difícil prevenção. "Quase sempre é um crime que acontece dentro das residências",explicou.

Nem mesmo as disputas sangrentas entre traficantes por pontos de vendas de drogas são apontadas como válvulas propulsoras para os índices em Diadema.

Para o chefe do Setor de Inteligência do Demacro, delegado Maurício Guimarães Soares, "muitos homicídios nas periferias não têm um motivo sério para ter acontecido".

Ainda segundo Soares, a tecnologia que proporciona o mapeamento das ocorrências policiais em muitas vezes é ineficaz para o combate aos crimes passionais.

"A gente pode agir na identificação desses indivíduos. A certeza da punição pode inibir a ação", conclui o coronel.




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