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Venda baixa emperra cadeia do avestruz
Por Anderson Amaral
Do Diário do Grande ABC
03/02/2007 | 21:08
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A cadeia produtiva do avestruz vive fase de consolidação no Brasil, com a profissionalização não só das atividades de criação e processamento de produtos (carne, plumas e pele) mas também do fornecimento de insumos. Porém, o desconhecimento das características e dos benefícios da carne da ave é um entrave à expansão da atividade, na medida em que freia o escoamento da produção. Para os empresários do segmento, esse é o principal motivo para o consumo ainda incipiente no país.

Segundo a Acab (Associação dos Criadores de Avestruzes do Brasil), o país ostenta atualmente um plantel estimado em 430 mil aves – criação inferior apenas à da África do Sul. No entanto, foram abatidos somente 10 mil avestruzes no ano passado, o que representa cerca de 300 toneladas, já que cada animal gera em média 30 kg de carne. Mesmo assim, boa parte do produto segue estocada, pois não há consumo suficiente.

Para o presidente da Acab, Luis Robson Muniz, o problema é que o produto ainda é quase desconhecido da população brasileira. “Como resultado da falta de conhecimento, temos uma situação muito desconfortável: excesso de carne em um mercado ainda embrionário”, afirmou.

Muniz acredita que o montante abatido no ano passado é pequeno perto do potencial de consumo do país. “Se 1% da população comer 300 g de carne de avestruz por mês, teremos um consumo anual da ordem de 7 mil toneladas”, ressaltou. A solução, para o empresário, é a união dos criadores numa campanha nacional de aculturação.

A história de Muniz é curiosa. Morador de Santo André, ele concilia a atividade com as aulas de química que ainda ministra em escolas da região. Proprietária de uma fazenda no interior do Ceará, a família do empresário começou a criar avestruz em 2000, após estabelecer parceria com um criador espanhol para importação de filhotes.

Atualmente, a criação de Muniz possui nove casais, montante que faz dele um pequeno criador – que, aliás, é o perfil da maioria dos empreendedores. O Estado de São Paulo ainda concentra 70% das fazendas, mas o negócio começa a crescer também nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, em função de vocação climática.

“No calor, os avestruzes ficam mais ativos sexualmente, o que facilita a reprodução, e também ficam mais protegidos de doenças. Quanto mais hostil é o ambiente, maior é a sobrevida do animal”, disse Muniz.

O técnico em agropecuária Marco Antônio Perrucci Ortega, de São Bernardo, teve fábrica de alimentos na cidade e chegou a trabalhar numa empresa do setor na Capital, até descobrir a estrutiocultura (como é chamada a produção de avestruzes) há seis anos.

A fazenda de seis alqueires que ele mantém em Mairinque, no interior do Estado, chegou a ter 80 animais, mas hoje o plantel limita-se a 15 aves. “A maioria dos criadores não consegue se manter porque os custos são elevados”, afirmou.

Perrucci preside uma central de cooperativas de criadores que pretende levar ao mercado uma linha de industrializados feitos com a carne da ave, a Avistruz. A expectativa é oferecer a linha em pelo menos 100 estabelecimentos. “Sem o fortalecimento do consumo, a cadeia produtiva do avestruz não vai sobreviver”, disse.



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