Logo com os primeiros raios do sol de ontem era possível enxergar o tamanho dos estragos no Edifício Senador, prédio que teve desabamento parcial e está localizado entre as avenidas Índico e Jurubatuba, ao lado do Paço de São Bernardo. As cenas chocavam a todos, mas principalmente aos que vivenciaram momentos de pânico, medo e incerteza. Ali, muitos retornaram em busca dos pertences deixados na correria ou mesmo para tentar entender o que ocorreu na noite de segunda-feira.

"De repente tudo começou a tremer e um pedaço do teto caiu na mesa. Foi horrível", contou Amanda Lopes, 22 anos, residente no Jardim do Lago, em São Bernardo, que, após um dia de trabalho na distribuidora de joias, localizada no mesmo prédio, foi tomar lanche no restaurante do térreo.

Junto dela, Luana de Sousa, 20, moradora no Riacho Grande, funcionária na mesma loja. A sala era a 124, uma das primeiras a serem atingidas de final 4 - o imóvel possui 14 andares, dos quais três sobrelojas e o subsolo. Elas desceram para a lanchonete às 19h - meia hora antes do acidente.

Com o joelho inchado e hematomas nas pernas, a corretora de seguros Rosana Pereira Rodrigues, 42, buscava ontem sua pasta de documentos, que teria ficado em cima da mesa da lanchonete Nova Rainha, instalada no térreo. Ao lado da amiga, passou pelo local apenas para comprar uma garrafa de água com gás. "Foi coisa de segundos. Só deu para correr. A poeira logo levantou."

Recepcionista de clínica médica de cardiologia no quinto andar, Elenilda Maria da Silva, 32, de Santo André, descreveu momentos de aflição. "Só ouvimos um barulho e tudo começou a desabar. Tentamos subir, mas não conseguimos. O jeito foi descer rapidamente pela escada."

Outras testemunhas ouvidas pela equipe do Diário relataram ter escutado gritos e muita correria dentro e fora do prédio. Um buraco de cerca de dez metros de diâmetro se abriu no teto e atingiu todas as lajes inferiores até o térreo.