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Reflexões de um gago
Por Luis Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
11/02/2011 | 07:00
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Divulgação


A atual geração - da qual este repórter faz parte - não vê com interesse as ações que envolvem a tradicional família real inglesa. Ela já serviu como inspiração para uma infinidade de filmes, sendo que muitos não conseguem prender a atenção do grande público. Os destaques desse tipo de produção geralmente ficam em torno de alguns trabalhos individuais, caso de Helen Mirren e sua interpretação como Elizabeth II em A Rainha (2006). É o que ocorre em O Discurso do Rei, que estreia hoje nos cinemas brasileiros e com duas cópias nas salas do Grande ABC.
Parece que a pressão de se viver um personagem que realmente existiu faz com que atores testem ao máximo o seu potencial, para o bem ou para o mal. O britânico Colin Firth teve a missão de trazer para as telas o drama pessoal vivido pelo Rei George VI (pai da atual monarca da Inglaterra). Ele assume um país à beira da Segunda Guerra Mundial e comanda um povo que necessita de seu líder.
Esse cenário de fundo serve apenas como coadjuvante diante da principal batalha travada pelo personagem: a gagueira. O problema o acompanha desde a infância e agora ele precisa ser controlado para que o rei possa fazer seus discursos oficiais na rádio para seus súditos.
O trunfo de Firth é que ele consegue lidar com seriedade com um tema que facilmente poderia ser desenvolvido de maneira jocosa. A dicção do protagonista é bem fiel a casos verdadeiros da desordem da fala e, após assistido O Discurso do Rei, parece estranho se acompanhar entrevistas do ator sem que a gagueira apareça a cada frase dita.
George VI já havia buscado soluções com outros médicos até que sua mulher, Elizabeth (Helena Bonham Carter), conhece Lionel Logue, vivido pelo sempre competente Geoffrey Rush. O relacionamento entre o misterioso médico e o rei começa a extrair do monarca uma personalidade que o próprio não sabia existir dentro de si.
As sessões e as conversas entre os personagens fazem com que haja um pequeno duelo de interpretações entre Firth e Rush. Mas o veterano ator funciona melhor como um escada para que o protagonista coloque-se em seu lugar.
Em certo momento, George e Logue caminham lado a lado em um parque. Ao questionar algumas opiniões pessoais, o rei humilha o simplório ajudante. É nessa hora que o diretor Tom Hooper demonstra a capacidade de Firth como astro, acompanhando seus passos com a câmera e deixando Rush cada vez mais ao fundo. A cena serve para simbolizar e apontar quem está no comando do longa-metragem.




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