Política Titulo Gilberto Kassab
‘Prefeito que não faz projetos não gera benefícios’
Gustavo Pinchiaro
Do Diário do Grande ABC
26/02/2015 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


Chefe do Ministério das Cidades, Gilberto Kassab (PSD) incentivou os prefeitos da região a manter a “prateleira de projetos cheia” para poder atrair investimentos e garantir “benefícios à população”. Ele defendeu que a aproximação do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC com sua Pasta seja explorada pelas prefeituras para concretizar obras estruturantes que façam integração entre os sete municípios. “Quando eu vim ao Consórcio, discuti os projetos que estavam sendo elaborados, as verbas requisitadas para identificar eventuais obstáculos, o que é normal em obras de grande porte. Incentivei muito os prefeitos a discutirem e produzirem projetos estruturantes dentro de seus municípios para darem entrada e captar verba no Ministério das Cidades.”

Kassab esteve ontem em Rio Grande da Serra para liberar as obras do primeiro corredor de ônibus da cidade com investimentos na ordem de R$ 39,6 milhões, a primeira do pacote de R$ 1 bilhão para a região (mais informações no caderno Setecidades), e concedeu entrevista exclusiva na sede do Diário. “Essas obras significam que a presidente Dilma Rousseff (PT) honra seus compromissos. É uma resposta aos que disseram que eram compromissos eleitoreiros de campanha.” O pessedista falou sobre como está lidando com as medidas de austeridade implantadas pela petista em momento de delicada da economia brasileira. “Nosso ministério trabalha com investimentos, tem custeio muito baixo. Se houver cortes no Orçamento, será suave.”

O ministro também revelou que o PSD deve disputar a Prefeitura da Capital em 2016 com Ricardo Patah. Aprovada ontem na Câmara Federal, a nova regras para criação de partidos prevê quarentena de cinco anos para fusão de siglas e atrapalha o plano de Kassab em fundir sua legenda ao PL, que tem a refundação articulada por ele. “O PSD assinou essa proposta.”

Com os atritos do Gabriel Maranhão no PSDB indicando pela desfiliação, sua vinda a Rio Grande pode render a ele um convite a entrar no PSD?
De maneira alguma. Me afastei do partido em plano nacional. O deputado Guilherme Campos está como presidente em exercício, eu sou presidente licenciado. Aqui em São Paulo, quem está coordenando as ações da sigla é a companheira Alda Marco Antonio. Minhas relações hoje com o prefeito são institucionais, seria totalmente inadequado tratar de política partidária. É muito honroso ter o Maranhão como parceiro de qualquer partido, mas efetivamente não é uma missão sob meus cuidados. É inadequado um ministro cuidar de partido político.

Em Sto.André, qual a possibilidade de o secretário de Mobilidade, Paulinho Serra, ser candidato a prefeito contra o projeto de reeleição de Carlos Grana?
Falar sobre candidatura agora é totalmente extemporâneo. O Paulinho é um grande quadro, presidente local do partido, nosso líder maior. Qualquer que seja o seu posicionamento terá meu apoio e acredito que da direção do partido também. Ele integra a administração municipal, tem uma relação absolutamente correta com o prefeito. A minha impressão é que as decisões dele serão adotadas em conjunto com o chefe do Executivo. Ele tem o respaldo do partido, tem a autonomia para encaminhar a ação da legenda em Santo André.

O que representa essa liberação de R$ 39,6 milhões para obras em Rio Grande da Serra, em momento delicado para as finanças do Palácio do Planalto?
Significa mostrar para Rio Grande da Serra e toda a região que a presidente Dilma honra compromissos, firmados aqui há alguns meses. Tivemos várias manifestações de que eram compromissos eleitoreiros de campanha. Minha presença aqui hoje (ontem), representando o seu governo, e liberando o início das obras, que é o início de uma série de obras que terão um papel de integração. Serão mais de R$ 1 bilhão. É uma resposta que o governo dá para aqueles que chamaram as ações da presidente Dilma de eleitoreiras.

Na sua última visita ao Consórcio Intermunicipal, o senhor disse abrir uma exceção à região e colocou os secretários do Ministério das Cidades em contato direto com os sete prefeitos indicando parcerias futuras. Já há frutos dessa relação?
Qualquer governo, federal, estadual ou municipal, precisa permanentemente elaborar projetos. Precisa ter uma prateleiras de projetos licenciados, habilitados, para quando os recursos forem liberados, a obra poder ser autorizada. Quando eu vim aqui ao Consórcio, discuti os projetos que estavam sendo elaborados, as verbas requisitadas para identificar eventuais obstáculos, o que é normal em obras de grande porte. Incentivei muito os prefeitos a discutirem e produzirem projetos estruturantes dentro de seus municípios para darem entrada e captar verba no Ministério das Cidades. Se você não tem projeto, não tem benefício para a cidade. É fundamental que os prefeitos tenham essa relação direta para que os secretários entendam os municípios e possam acompanhar obras e projetos. Isso traz qualidade, eficiência e velocidade.

Qual o próximo pleito da região à sua Pasta a ser atendido?
Em algumas semanas virei a Diadema para liberar uma obra importante de saneamento na ordem de R$ 10 milhões. É um aperfeiçoamento.

Levando em conta o cenário regional, é melhor lidar com as prefeituras pelo Consórcio ou de forma individual?
São duas coisas distintas e ambas são importantes. Existem as intervenções conjuntas, da alçada do Consórcio, que tem atuado com unidade, que traz peso político a entidade, que traz benefícios para a região. Existem as intervenções isoladas, de natureza específica do município, que não têm a ver com o Consórcio.

Muito se discute sobre mão de obra especializada e qualificada no Brasil. O sr. recebendo essa demanda toda no Ministério pode dizer que a mão de obra, seja política, seja técnica e braçal, está preparada?
Todos sabem que a economia passa por momento de dificuldade. Qualquer novo projeto é importante para acolher essa eventual mão de obra que teria dificuldade de colocação. O Brasil estará preparado nesse momento de baixa. Não tenho nenhuma dúvida de que teremos condições de atender com mão de obra qualificada os pacotes de intervenções.

Qual o papel do Ministério das Cidades para recuperação da economia diante da política de corte no Orçamento, parte das medidas de austeridades aplicadas pelo Palácio do Planalto?
Trabalhamos com investimentos e nosso custeio é muito baixo. Os investimentos são eminentemente de natureza social. A presidente Dilma disse para o grupo de ministros que coordenam as ações na economia, de que, se tiver cortes, serão muito suaves. Cabe ao ministro, a mim, respeitar.

Muitas empreiteiras estão parando obras por conta dos problemas de corrupção evidenciados pela Operação Lava Jato. Como a Pasta do sr. lida com isso?
Não tivemos nenhuma vinculação com essa questão, nenhum problema dessa natureza. O que está paralisado, eventualmente, é por conta de outros problemas. Temos um pacote de obras tão grande que isso é natural. Estamos falando de bilhões e bilhões de reais de obras em todo o Brasil. Obstáculos acontecem, é compreensível. Como em qualquer Pasta, existe a restrição orçamentária por conta da não aprovação do OGU (Orçamento Geral da União). Enquanto a peça não for aprovada todos os ministérios estão trabalhando com 1/18 da receita. Isso nos limita bastante.

Qual o reflexo para o governo federal das derrotas nas eleições da direção da Câmara Federal?
A base governista teve dois candidatos. Me esforcei para que tivesse um acordo, que seria melhor para a unidade. O candidato do PMDB ganhou. Tenho certeza de que o Eduardo Cunha reúne condições pessoais políticas, experiência suficientes para ser um bom presidente. Confio muito na inteligência dele.

Como o sr. avalia o discurso de impeachment da presidente Dilma encampado pelo PSDB, a oposição?
É uma discussão dentro do Parlamento. A oposição sempre quer encontrar problemas no governo e a situação procura aperfeiçoar e ajudar. É triste uma democracia que não tem oposição. Cada um está fazendo seu papel. Vejo com muita tranquilidade o governo da presidente Dilma, uma pessoa honrada. Não vejo ninguém questionando a honra, a inteligência e o preparo da presidente.

O PSD saiu muito fortalecido dessa eleição. Qual o futuro do PSD?
O PSD está se consolidando. Ainda está em um processo de afirmação, de nascimento. Tivemos a primeira participação na eleição nacional e estadual. Hoje temos uma bancada de quatro senadores, elegemos dois governadores, 36 deputados federais. É muito expressivo para um partido que disputava a eleição pela primeira vez. É um projeto que deu certo, partido respeitado que nasceu independente. Na eleição, escolhemos apoiar a presidente Dilma. Vamos aperfeiçoar a militância daqui para frente.

O PSD disputará a Prefeitura da Capital em 2016?
O companheiro Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), do PSD Movimentos e do sindicato dos comerciários da cidade de São Paulo, quer ser candidato. É um nome muito qualificado. Do jeito que as coisas estão caminhando, o Patah está credenciado, preparado para se apresentar como candidato. Se for candidato, terá meu apoio.

E a discussão para o PSD se fundir ao PL, que está em formação, lá na frente?
Estou afastado do partido e não estou discutindo fusão. O PSD apoiou a medida de mudar a lei para que partidos só possam se fundir depois de cinco anos de sua fundação. 




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