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Vestibular: está na hora de rever conteúdos
Por Dé Oliveira
Especial para o Diário
16/11/2004 | 09:22
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O mês de novembro representa um momento crucial para quem vai disputar uma das vagas nas faculdades mais concorridas do país. Com a proximidade das provas, aumentam a tensão e a ansiedade dos alunos e grande parte procura intensificar ao máximo os estudos. Especialistas e professores recomendam que o ideal neste momento é revisar o que foi apreendido, tirar dúvidas e solidificar o conhecimento, e não tentar aprender, em pouco tempo, o conteúdo de disciplinas em que o desempenho até agora foi muito pequeno.

De acordo com Clayton Figueira, coordenador do curso pré-vestibular Singular Anglo ABC, o indicado, às vésperas dos exames, é o aluno estudar os assuntos que conhece e resolver exercícios para reforçar o conhecimento. "Nenhum atleta treina seis horas no sábado para competir no domingo", compara Figueira, que alerta que o ritmo de estudo e o descanso não devem ser alterados drasticamente na reta final dos vestibulares, pois os alunos têm de ter em mente que não necessitam acertar 100% da prova e que as chances de aumentar a pontuação é maior nas matérias que lhes são mais familiares.

Ainda segundo o coordenador do Singular Anglo, entrar em desespero e tentar assimilar todo o conteúdo repentinamente pode prejudicar até mesmo o conhecimento já assimilado em outras matérias.

A estudante Juliana Carla Gagliardi, 19 anos, diz ter caído na armadilha de estudar as matérias em que tinha mais dificuldade no ano passado, quando prestou vestibular da Fuvest para Farmácia e não passou. Neste ano mudou de estratégia e centra os esforços em biologia e química, matérias das quais tem mais conhecimento. As duas disciplinas também são as mais exigidas na carreira que escolheu, inclusive com provas específicas em alguns vestibulares. A estudante arrisca uma tese sobre a causa pela qual freqüentemente os vestibulandos acabam tentando assimilar conhecimentos no último instante. "A gente sai do colégio com uma mentalidade diferente; estuda para passar de ano e não para acumular conhecimento, daí fica se preocupando com o que não está indo bem", analisa.

Estratégia semelhante à de Juliana está sendo adotada pela sua colega, Claudia Buttura, de 18 anos, que também tenta entrar em um curso universitário pela segunda vez consecutiva. Concorrente a uma vaga na área de Medicina na Unifesp, tem se dedicado a estudar biologia, disciplina na qual considera ter maior grau de conhecimento. Priorizar o estudo de algumas matérias não significa, no entanto, desprezar as demais, alerta Maurício Fraçon, diretordo colégio Objetivo. "O momento é de revisão, o que tinha de ser aprendido, já foi", argumenta Fraçon.

Apesar das recomendações dos professores, a estudante Amanda Munhoz Perez, de 18 anos, aluna do curso pré-vestibular Singular Anglo, se esforça para aprender física. A disciplina é considerada por ela como a mais difícil e aquela em que teve o pior desempenho no ano passado, quando concorreu a uma vaga em Publicidade na USP. "Não adianta, todo mundo entra em pânico e tenta aprender o que não sabe", conta Amanda.

Ansiedade - Mais do que conhecer os temas estudados, a ansiedade e o nervosismo são outros fatores que atrapalham na hora dos exames. Mesmo com uma carga horária extensa de estudo, o fator psicológico conta muito neste momento, principalmente por causa da pressão da família, e faz alguns alunos terem a sensação de que não sabem nada. "A pressão que fazemos sobre nós mesmos já é muito grande, não dá para ficar calmo", avalia Amanda, que aponta ainda o fato de ter de competir com outras pessoas e ser melhor do que elas como um outro aspecto que mexe com o emocional. No caso dos alunos que já passaram por outros vestibulares sem sucesso, esse pode ser um fator a mais de cobrança, pois se sentem na obrigação de passar.

O processo de aprendizado depende de tempo, além da capacidade de atenção e concentração de cada um. Assimilar informações novas - ou matérias com as quais não se tem muita afinidade, como no caso dos vestibulandos - implica gasto de energia muito maior. "Nessa situação, o indivíduo tem uma sobrecarga psicológica que pode dificultar a apreensão de coisas novas", explica Paulo Caramelli, neurologista do Hospital das Clínicas. Segundo o especialista, a memória é dividida em dois grandes campos: de curto e longo prazos. A primeira, é a informação retida por um pequeno período e logo descartada. A outra está mais relacionada ao apreendizado, pois é codificada e armazenada pelo cérebro, porém, leva mais tempo para ser assimilada.

Há formas de pontecializar a memória e a melhor maneira é vincular as informações a temas pré-existentes. A partir do instante em que são estabelecidas correlações de assuntos é possível conseguir uma compreensão mais aprofundada. Por isso, na opinião de Caramelli, a melhor estratégia para a reta final dos vestibulares é revisão de informações assimiladas para sedimentar o que foi apreendido.

As disciplinas da área de exatas são apontadas pelos estudantes como as mais difíceis. Dados coletados pelo vestibular da USP no vestibular 2004 comprovam a dificuldade. Entre 136.466 estudantes que concorreram a uma vaga na primeira fase da Fuvest, o percentual de acerto é bem menor nas questões de matemática e física, com média de 3,5 pontos entre 12 possíveis, índice que corresponde a 29% do total. Nas questões de química o percentual fica em 36%; geografia, 42%; biologia, 43%; história, 53%; português, 49,5%; e inglês, 39%.




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