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Peça retrata o amor sob a opressão
Por Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
21/03/2004 | 18:36
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Espetáculo de rua escrito por Sérgio Pires e dirigido por Rodolfo David, Fogueira ao Meio do Dia ou Bueiro do Amor estreou em abril de 2001 e, remodelado, esteve no Festival de Teatro de Curitiba em março de 2002. Pires integrava o elenco ao lado de Helena Bento. Rebatizada de Fogueira ou Bueiro do Amor, e modificada, a peça desembarca terça no porão do Centro Cultural São Paulo, o Espaço Cênico Ademar Guerra.

Pires cedeu seu personagem a Pedro Vieira para a temporada paulistana. Alexandre Boreno é o músico convidado. Remanescente de um circo das antigas, o palhaço maltrapilho Ruazeiro da Vida (Vieira) se faz acompanhar do músico Jiló (Boreno).

Ruazeiro acende uma fogueira em seu picadeiro, dança, entoa melodias e recorre a alguns bonecos surrados para contar histórias divertidas de um tempo em que a violência não integrava o cotidiano das pessoas. De uma época em que a arte dos contadores de histórias era preciosa não pela raridade com que eles surgiam. Amparo Caridade (Helena) é um desses bonecos.

Apenas uma história – a da doméstica Amparo, Bueiro do Amor – o palhaço resolve não revelar. Contra a vontade dele, porém, Amparo começa a contar a sua história – decide falar sobre sua única experiência no campo do amor. Doméstica confessa que não abandonou a procura por um morador de rua.

É uma história em que o amor anda de mãos dadas com a opressão. Paixão e tragédia se combinam numa narrativa que se recusa a apelar à dualidade maniqueísta de mocinhos e bandidos – ninguém é inteiramente bom nem completamente mau. Uma relação entre uma doméstica e um morador de rua pode sugerir um viés sócio-político-econômico embutido no texto, mas esse não é o referencial que mais se sobressai em Fogueira ou Bueiro do Amor.

A peça é uma produção da Cia. Teatro no Pires, do Grande ABC. Pires assina o roteiro dos curtas-metragens Aviso Prévio e Nossa Joana Qualquer, que integram o longa-metragem O Trem, produção da ELCV (Escola Livre de Cinema e Vídeo), de Santo André.

Fogueira ou Bueiro do Amor – Teatro. De Sérgio Pires. Direção de Rodolfo David. Com Helena Bento, Pedro Vieira e Alexandre Boreno. Terças a quintas, às 21h. No Centro Cultural São Paulo – r. Vergueiro, 1.000, São Paulo. Tel.: 3277-3611. Ingr.: R$ 10. Até 10 de junho.




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