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Beatificaçao de Pio IX por Joao Paulo II causa polêmica
Por Do Diário do Grande ABC
25/08/2000 | 11:43
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A controvertida decisao do papa Joao Paulo II de beatificar o papa Pio IX, no próximo dia 3 de setembro, mesmo dia que Joao XXIII, desata polêmicas um século depois da morte do pontíficie identificado com o "obscurantismo." Teólogos da prestigiosa revista internacional católica progressista "Concilium" compartem a opiniao de alguns setores judeus, que manifestaram sua indignaçao pela beatificaçao do papa Mastai Ferretti, que reinou de 1846 a 1878, e a quem acusam de ser anti-semita.

Se a maioria dos historiadores concordam em defini-lo atualmente como um papa reacionário, apesar de que quando foi eleito em 1846 acreditava-se ser um liberal, nem todos concordam sobre seu anti-semitismo.

De acordo com a Concilium, Pio IX "construiu em 1850 os muros do ghetto de Roma" e convidou os sacerdotes a "batizarem segredo as crianças judias, tirando-as de seus pais."

Os teólogos da Concilium enviaram em julho passado a Joao Paulo II uma missiva para lhe solicitar que renunciasse à beatificaçao de Pio IX, um Papa que, segundo eles, "consolidou o sistema absolutista e paternalista da Igreja."

Os católicos conservadores de movimentos como Comunhao e Libertaçao, estimulados pelo ex-primeiro-ministro italiano Júlio Andreotti durante sua recente reuniao anual de Rimini (centro da Itália), aprovaram amplamente a decisao de Joao Paulo II.

Durante seu longo pontificado de 31 anos e 7 meses, o maior da história depois do de Sao Pedro, Pio IX decretou a infalibilidade do chefe da Igreja Católica durante o Concílio Vaticano I e proclamou o dogma da Imaculada Conceiçao.

Alguns historiadores sustentam que Pio IX pressionou fortemente os bispos mais influentes, para que apoiassem o Concílio Vaticano I.

Pio IX é o autor de "Syllabus", um documento que condena "os maiores erros' de sua época: o liberalismo, o socialismo, o comunismo, o galicalismo (a doutrina da igreja da França e sua liturgia) e a todos aqueles que ``negam a soberania temporal dos Papas", a que viu de todos os modos desaparecer durante seu pontificado.

Condenou também a soberania do povo, a separaçao entre a Igreja e o Estado e a igualdade de todas as religioes perante a lei. "Pio IX viveu no final de uma época de grandes mudanças sociais e políticas, mas nao foi derrotado pelos difíceis acontecimentos que marcaram seu tempo", escreveu no texto em que se decreta sua beatificaçao.

A definiçao do dogma da Imaculada Conceiçao de Maria, ou seja, que Maria foi concebida sem pecado, e a reafirmaçao da primazia de Pedro, sao dois temas que separam profundamente os cristaos e que revelam, segundo Martins, "a alma de um homem exclusivamente consagrado a Deus, ao serviço como Chefe da Igreja da construçao do reino de Deus sobre a Terra."




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