Transmissões automáticas e automatizadas proporcionam duelos interessantes e quase sempre equilibrados. Enquanto as primeiras oferecem comodidade, suavidade no funcionamento e preço mais salgado, as outras entregam a mesma comodidade, operação repleta de solavancos e custo mais atraente para o bolso do consumidor.

Diante desta rivalidade cambialística - acabamos de inventar esta palavra - , colocamos frente a frente o recém-chegado Fiat Palio ELX 1.8 Flex com caixa automatizada Dualogic e o Citroën C3 GLX 1.6 16V Flex automático.

CUSTO-BENEFÍCIO - De cara, o Fiat alfineta o rival de sotaque francês. Partindo de R$ 38.030, o Palio é R$ 8.160 mais barato que o C3 (R$ 46.190).

É fato, no entanto, que o hatch feito em Betim (MG) oferece apenas direção hidráulica como equipamento de série, detalhe digno de ser lembrado. O produzido em PortoReal (RJ), por sua vez, vem de fábrica com direção elétrica, ar-condicionado, freios com ABS e retrovisores externos elétricos - itens que, no entanto, não justificam tamanha diferença.

A partir do momento em que equiparamos a lista de mimos - colocamos no Palio tudo o que o C3 tem, mais air bag duplo - , o Fiat continua R$ 2.110 mais em conta.

TRANSMISSÃO - A diferença de pouco mais de R$ 2.000 tem uma justificativa plausível: o câmbio. O automatizado de cinco velocidades do Fiat é mais barato que o automático de quatro marchas do Citroën.

A transmissão Dualogic do Palio - que permite trocas manuais por meio da alavanca - tem funcionamento, no mínimo, desconfortável. As mudanças de marchas efetuadas por uma central eletrônica são bruscas e os solavancos incômodos, mesmo quando apertamos a tecla "S" (Sport) no console central. No entanto, nos congestionamentos diários, a comodidade é idêntica à das caixas automáticas.

O câmbio automático BVA do C3, por sua vez, funciona de forma mais suave. Em acelerações progressivas, as trocas acontecem naturalmente e são quase imperceptíveis. Porém, nem tudo é um mar de rosas para a transmissão do Citroën - que também permite trocas manuais e oferece a opção da tecla "S" no console central.

Por ter apenas quatro velocidades, a caixa inibe um pouco o desempenho do modelo. Seu funcionamento, em determinados momentos, é inconstante. Quando pisamos fundo no acelerador, hora ele reduz uma marcha para aumentar a potência, hora mantém a mesma marcha, tornando moroso o ganho de velocidade.

DESEMPENHO - Em termos de potência, os motores 1.8 Flex do Palio e 1.6 16V Flex do C3 são parecidos, entregando 115 cv e 113 cv, respectivamente. No quesito torque, entretanto, o Fiat fala mais alto, com 18,5 mkgf a 2.800 rpm, contra 15,8 mkgf a 4.000 rpm. E o Palio é 147 quilos mais leve.

O acerto da suspensão dos dois prima pelo conforto. Com excesso de maciez, é possível sentir a inclinação da carroceria de ambos nas curvas acentuadas e frenagens bruscas.

ACABAMENTO E ESPAÇO - O requinte francês se faz presente no acabamento interno do C3. A qualidade dos materiais - plástico e tecido - e os encaixes da peças revelam superioridade. Destaque para o design do painel, com velocímetro digital.

O Palio, por sua vez, peca neste quesito. Os encaixes apresentam pequenas folgas e as peças têm rebarbas.

Em termos de espaço, Citroën volta a levar ligeira vantagem. Apesar de terem o mesmo comprimento, o C3 é 9 centímetros maior na distância entre os eixos, além de levar 30 litros a mais no porta-malas.

CONCLUSÃO - Por apresentar melhor custo-benefício e desempenho mais atraente, o Palio levou a melhor, mesmo com transmissão automatizada. O C3, no entanto, continua competitivo. A lista de itens de série e o acabamento interno superior o mantêm entre as boas opções do mercado.