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Racha retorna à avenida dos Estados
Por Artur Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
04/09/2005 | 10:27
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A avenida dos Estados, em Santo André, voltou a servir como pista de rachas para jovens do Grande ABC. Às sextas-feiras e aos sábados, um trecho de cerca de 400 metros ganha ares de autódromo e junta espectadores de todo canto para os "pegas". Uma multidão de jovens aglomerados em dois postos de gasolina e quarteirões que se seguem assiste a disputas entre os que se sentem pilotos de corrida em pleno trânsito. A atividade ilegal na avenida foi denunciada em várias reportagens publicadas pelo Diário, mas a prática sempre se repete.

O movimento foi observado nas duas últimas sextas-feiras. No dia 27 de agosto, viaturas da Polícia Militar passavam pelo autódromo improvisado da avenida dos Estados sem dar a mínima atenção a quem acelerava os motores na pista. Na última sexta-feira, depois de questionamento feito ao CPAM-6 (Comando de Policiamento da Área Metropolitana 6), quatro viaturas foram enviadas ao local por volta das 2h. Os rachas, que vinham ocorrendo desde as 22h, pararam.

Os "pegas" costumam ocorrer na pista da avenida dos Estados sentido Centro de São Paulo. Os veículos fazem o retorno e o semáforo acaba servindo como sinal de largada para os jovens. Dentro e fora de dois postos de gasolina, a platéia vibra com as arrancadas e ultrapassagens perigosas. O som alto que sai dos porta-malas de vários carros e muita bebida completam o clima da balada a céu aberto.

De acordo com o CTB (Código de Trânsito Brasileiro), quem é flagrado praticando rachas paga multa gravíssima – no valor de 180 UFIRs, multiplicada por três – e tem ainda o carro apreendido e a carteira de habilitação suspensa ou definitivamente cassada pelas autoridades de trânsito.

No entanto, as restrições legais não intimidam alguns motoristas-pilotos, que praticam vários "pegas" em um curto espaço de tempo. Um Passat cheio de adesivos, extremamente barulhento, disputou pelo menos cinco rachas na presença da reportagem do Diário. O percurso, de cerca de 400 metros, só termina bem próximo a um radar fotográfico que flagra motoristas que ultrapassam os limites de velocidade da via.

O segurança F.L.C., 25 anos, conta que não passa uma sexta-feira sem que algum acidente, leve ou mais grave, ocorra durante a exibição de jovens motoristas. Na semana retrasada, um veículo em alta velocidade teria atropelado um motociclista que estava parado no semáforo. O segurança relata que há três semanas dois veículos se chocaram, enquanto tiravam racha. Um dos carros teria ido parar nas margens do rio Tamanduateí, que divide a avenida dos Estados. Nos dois acidentes, segundo o segurança, não houve vítimas fatais.

"Mas imagine quantas pessoas não morreriam se um carro perdesse o controle e fosse para cima de toda aquela gente que fica assistindo aos rachas na beira da pista. Nem quero estar por aqui para ver uma coisa dessas", diz o segurança.

Prioridade – Em reportagem publicada no dia 17 de outubro do ano passado, a Polícia Militar anunciava que mudaria o jeito de combater a atividade ilegal na avenida. O major Carlos Benedito Carvalho Martins, do 10º Batalhão da Polícia Militar, disse ao Diário naquela ocasião que a corporação passaria a filmar os freqüentadores de rachas para que fossem punidos. Segundo o capitão Hélvio Leal, do CPAM-6, comando que atende todo o Grande ABC, as filmagens acarretaram em punições aos motoristas flagrados tirando rachas no ano passado. No entanto, a ação policial não impediu que o problema voltasse a ocorrer neste ano.

"É difícil combater esse tipo de atividade, porque se você reprime em um local eles (motoristas) acabam migrando para outro", afirma o capitão Leal. O policial, no entanto, confessa que os rachas não são prioridade para a corporação. "No momento, estamos mais voltados a combater os roubos e furtos de veículos. Mas como tem ocorrido com freqüência, daremos atenção ao problema dos rachas na avenida dos Estados."




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