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SP tem mostra retrospectiva de Samson Flexor
Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
09/08/2003 | 16:42
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“Eu sempre preferi procurar a encontrar”. A frase de Samson Flexor (1907-1971), poucas palavras que resumem bem sua importante obra, está reproduzida na mostra retrospectiva do artista plástico, que abre às 19h de segunda-feira para convidados e terça para visitação na Galeria de Arte do Sesi, na avenida Paulista 1.313 (Tel.: 3146-7396). Fica em cartaz até 19 de outubro, com entrada franca.

Flexor é fundamental quando o assunto é o surgimento e o desenvolvimento do abstracionismo no Brasil. Trabalhou o figurativismo, o geometrismo, a abstração. Fez desenho, pintura, mural, vitral. Enfim, foi artista de diversas facetas. “A cada uma dessas procuras nasciam obras deslumbrantes. Tido como precursor do abstracionismo no Brasil, ele nunca se deixou aprisionar pelo rótulo”, afirma Denise Mattar, curadora da mostra.

A exposição Samson Flexor – Modulações traz 84 pinturas de coleções públicas e particulares. Já foi vista no Instituto Moreira Salles, no Rio, entre maio e julho. A versão paulistana conta com um acréscimo de 16 obras.

Judeu convertido ao catolicismo, Flexor nasceu em 1907 onde hoje é a república Moldova. Foi para a Bélgica em 1922 e depois para a França, onde em em 1927 realizou sua primeira exposição individual, em Paris, aos 19 anos.

“Ele foi membro da Resistência Francesa durante a Segunda Guerra. Veio ao Brasil em 1946 para realizar uma individual na Galeria Prestes Maia, em São Paulo, e dois anos depois mudou-se para o país, onde residiu até a morte”, afirma a curadora.

Nos anos 50, Flexor fundou e dirigiu em São Paulo o Atelier Abstração, uma referência na história da arte brasileira, espécie de ateliê-aberto no qual ele foi professor e formou muitos artistas.

Um de seus alunos foi o importante tapeceiro Jacques Douchez, 84 anos, francês radicado no Brasil desde 1947: “Flexor era expressionista de coração e de cabeça era geométrico. Além de grande artista, foi uma pessoa muito boa. Tinha uma enorme experiência de vida. Foi judeu e sofreu com a ocupação promovida pelos nazistas na França. Era um homem superior, de grande cultura. Entendia de artes plásticas, música, literatura. O conhecia de antes do Atelier Abstração, e continuei sempre seu amigo”. Douchez emprestou pintura de Flexor de sua coleção para a mostra.

A última retrospectiva de Flexor ocorreu em 1975 no Museu de Arte Moderna de São Paulo. No Grande ABC, o artista ganhou individual em 1977 no Teatro Cacilda Becker, em São Bernardo. “Eram 11 aquarelas, oito desenhos e alguns projetos para vitrais e decoração de igrejas”, afirma João Delijaicov, que organizou a mostra. Delijaicov, diretor da Pinacoteca de São Bernardo, lembra que o acervo do museu tem uma obra de Flexor: “Um desenho, carvão sobre papel, de 1956”.




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