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Coincidências que unem ciência e futebol

Amante do esporte, morador de Diadema participou de teste com exoesqueleto da Copa

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
13/07/2014 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


Coincidência ou destino? A história do assistente de importação Eric Vlatkovic, 36 anos, morador de Diadema, esbarra em um pouco dos dois. Torcedor fanático do Corinthians e diretor da torcida organizada Estopim da Fiel, ele foi escolhido para participar do projeto Andar de Novo, liderado pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, que propôs à sua equipe o desafio de fazer um paraplégico chutar uma bola na abertura da Copa do Mundo no Brasil.

Como se o momento não fosse especial o bastante, o primeiro adversário do Brasil foi justamente a Croácia, país de origem do avô de Vlatkovic. “Tudo isso tinha tudo a ver comigo. Foi muito emocionante.” Ele e outros sete voluntários participaram dos testes clínicos e experimentaram o exoesqueleto, inovação responsável pelo chute inaugural simbólico do Mundial.

O morador de Diadema ficou paraplégico em 2011, durante partida de futebol de várzea pelo segundo time do coração, do qual ele é diretor, o Grêmio Recreativo Favela. “Na euforia do jogo, subi no telhado para buscar a bola e caí. Fraturei a coluna e tive compressão da medula”, lembra.

Passados quase três anos, o futebol trouxe novas surpresas. Vlatkovic teve oportunidade de participar da abertura da Copa do Mundo em local que considera sua casa, a Arena Corinthians, além de acompanhar a primeira partida em posição privilegiada.

Apesar de não ter sido o escolhido para o pontapé na Brazuca, nome oficial da bola da Copa, Vlatkovic participou de todo o treinamento durante sete meses. “Só soubemos quem daria o chute no dia do evento. Estávamos todos prontos e ansiosos.” O pouco destaque dado ao projeto na cerimônia traz certa frustração, segundo ele. “Poderiam ter anunciado no microfone”, diz.

O grupo de voluntários de programa de reabilitação da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) foi submetido a testes, fisioterapia e trabalho psicológico até conseguirem dar os primeiros passos com a inovação. “É uma sensação bem parecida com a de andar. É indescritível saber que participei de algo pioneiro e que poderá beneficiar pessoas no futuro.”

O exoesqueleto representa evolução de pesquisa iniciada em 2001 pelo neurocientista e equipe de profissionais do mundo todo. O mecanismo permite interação do cérebro com a veste robótica.

Como diz o próprio líder científico do projeto, Nicolelis, a apresentação na abertura da Copa foi apenas o início. Os trabalhos seguem até dezembro. E os resultados já são visíveis. “Clinicamente me sinto melhor. Houve melhora no alongamento, força e sistema circulatório. Até mesmo a autoestima está elevada”, observa Vlatkovic. A expectativa é de que a vestimenta seja acessível no futuro, o que possibilitaria aumentar a independência aos portadores de deficiência. 




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