Em entrevista ao programa Roda Viva (Rede Cultura), nesta segunda-feira, o presidente nacional do PT, José Genoino, jogou para cima da CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito), do Congresso Nacional e da PF (Polícia Federal) a responsabilidade de esclarecer as denúncias sobre o 'mensalão'. Sempre que pressionado, Genoino utilizava o artifício das investigações: "vamos aguardar as investigações."

Sorridente e bem humorado, o 'cacique' petista afirmou que seu partido jamais se reuniu ou participou do chamado 'mensalão' – suposto esquema em que o PT, representado pelo seu secretário de Finanças, Delúbio Soares, pagava uma mesada de até R$ 30 mil a deputados do PL e do PP em troca de 'favores' políticos na Câmara. Assim como a maioria dos parlamentares que, segundo o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), estariam envolvidos no escândalo, Genoino disse que tomou conhecimento do 'mensalão' em matéria publicada pelo Jornal do Brasil.

"O PT nunca conversou, participou de reunião e nunca recebeu mensalão. A primeira vez que ouvi falar sobre isso foi em uma reportagem do Jornal do Brasil, quando o presidente da Câmara tomou as medidas e as providências. Isso não existe, mas agora tem de ser investigado", afirmou.

Sobre o empréstimo de R$ 2,4 milhões junto ao BMG (Banco de Minas Gerais) em que Marcos Valério de Souza aparece como "avalista e devedor solidário", o presidente do PT deixou claro que só assinou o documento referente à transação financeira por confiar nas informações fornecidas por Delúbio Soares. No entanto, ele reconheceu que em fevereiro de 2003, época em que aconteceu o empréstimo, não tinha conhecimento de quem que era Marcos Valério. Já em data posterior à transação, Genoino veio a afirmar que se encontrou com o publicitário em reuniões no diretório do PT.

"Eu como presidente do PT sou responsável por todos os atos do PT e sou co-responsável a medida que assinei um documento de empréstimo necessário. Isso agora deve ser analisado e eu quero que fique provado. Não teve nenhuma ilegalidade, não cometemos crime. Isso a investigação vai mostrar, portanto, deixe que a investigação seja feita. Vou de cabeça erguida prestar contas ao meu partido e a sociedade", disse.

Ao final da entrevista, José Genoino se emocionou ao lembrar do período da ditadura. Ele também desabafou ao revelar o momento difícil que passa na Presidência do PT.