A Prefeitura de São Bernardo foi econômica na resposta aos questionamentos feitos por este Diário sobre a demora na reforma do Hospital Anchieta, no Centro. Anunciadas pelo prefeito Orlando Morando (PSDB) em 2017, primeiro ano da gestão do tucano, as obras para adequar a unidade ao tratamento de pacientes com câncer – ideia muito boa, diga-se – segue inconcluso. Ou, nas palavras de nota divulgada pelo governo, “próximas de serem concluídas”. São compreensíveis as poucas palavras. Afinal, como explicar que, três anos depois de divulgado, o plano ainda não tenha sido finalizado? Difícil. Entendem-se os entraves burocráticos que administradores possuem para executar projetos, especialmente os que envolvem significativas somas de dinheiro. É que, devido ao endêmico desvio de verbas públicas ao longo da história do Brasil, o País foi obrigado a desenvolver arcabouço legal para dificultar a vida dos corruptos – o que, como efeito colateral, prejudica também os bons e bem-intencionados gestores.

Ainda assim, mesmo com todos os percalços da legislação, não é admissível que obra tão importante para a garantia da qualidade de vida da população, como um hospital voltado para tratar doença tão devastadora quanto o câncer, leve mais que três anos para sair do papel. A demora é tão singular que está prejudicando inclusive os comerciantes do entorno, conforme mostra reportagem publicada hoje, que se ressentem da queda no movimento ocasionada pelo funcionamento parcial da unidade.

É evidente que não existem parâmetros de comparação entre as duas situações, mas o absurdo da demora de São Bernardo em adaptar o hospital fica ainda mais evidente no momento em que o mundo se surpreende com a rapidez do governo chinês, que, diante da ameaça da proliferação do novo coronavírus, construiu do zero unidade com 1.000 leitos em apenas uma semana! Não se espera, reitere-se, a mesma agilidade dos governantes brasileiros. Mas também não dá para compreender, ou se conformar com, a razão de tanta demora.