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Falta de troco inferniza o comércio da região
Por William Glauber
Do Diário do Grande ABC
31/07/2005 | 08:19
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"Posso ficar devendo R$ 0,01?" "Não tenho troco!" "Aceita uma balinha?" Essas respostas estão na ponta da língua de vendedores, atendentes e caixas devido à falta de moedas e cédulas no comércio varejista do Grande ABC. Consultados pela reportagem, comerciantes das áreas centrais de São Bernardo, Santo André e Diadema, três dos principais pólos de comércio de rua na região, reclamam da ausência de moeda circulante e dizem sofrer com problema no cotidiano.

Os comerciantes se queixam da escassez de todos os modelos de moedas e também das cédulas de R$ 1, R$ 2 e R$ 5. Para contornar a dificuldade, recorrem aos bancos, contam com a colaboração de vizinhos ou partem para a criatividade.

Nos dias 5 e 20, datas de pagamento, o comércio recebe notas de alto valor, e a demanda por troco aumenta. Nesse período, os comerciantes afirmam ter dificuldades para trocar dinheiro na rede bancária. "Sempre dizem que estão com falta de dinheiro por causa dos pagamentos", conta Helena Tertulhiano, gerente do Magazine Keiko, em Diadema.

Duas vezes por semana, a Central de Carnes Frigo Jales, em Diadema, solicita previamente a um banco agendamento para retirada de troco. A empresa não deixa faltar dinheiro em caixa e, solidariamente, repassa troco a vizinhos. No entanto, a caixa Isabel Vale apela à boa vontade. "Peço para os clientes pagarem com dinheiro trocado. Mas as pessoas não gostam de moedas."

Segundo a jornaleira Viviane Pereira, de São Bernardo, boa parte dos clientes não facilita o pagamento, apesar da insistência. "Dependendo do cliente, o dinheiro já vem trocadinho, mas muitos vêm com notas altas justamente para trocá-las. Aí, meu troco acaba", conta.

Embora não colaborem, há consumidores que exigem o troco corretamente. "Os clientes reclamam muito. Quando falta dinheiro, temos de ir atrás dos vizinhos", conta Alessandra Santos, gerente da Pastelaria ABC, em São Bernardo. No centro da cidade, Alessandra e Viviane costumam pedir moedas e notas de valores mais baixos a bancos e também aos bingos.

Para os comerciantes, os clientes tendem a não valorizar as moedas. "Algumas pessoas simplesmente não procuram o dinheiro trocado. Outras têm mania de deixar em casa, no carro ou guardar em cofrinho", diz Lilian Spadaccini, gerente da Papelaria Frandi & Francini, em Santo André.

Segundo as associações comerciais das três cidades, a orientação aos comerciantes é estreitar a relação com o gerente da agência bancária onde têm conta, a fim de agilizar o processo de troca de dinheiro. "Quando a questão chega às nossas reuniões, dizemos aos comerciantes para procurarem seus bancos e encomendarem o troco com antecedência", explica José Manuel de Mendonça, presidente da AceeDiadema (Associação Comercial e Empresarial de Diadema).

Em alguns casos, os comerciantes são orientados a arrendondar os preços. "Para não gerar problemas com troco, eles podem baixar os preços ou destituí-los dos centavos", recomenda Valter Moura, presidente da Associação Comercial e Industrial de São Bernardo.

Segundo o presidente da Associação Comercial e Industrial de Santo André, Wilson Ambrósio, os profissionais do comércio precisam de habilidade para se relacionar com os clientes. "O vendedor precisa perguntar se o cliente tem dinheiro trocado. 'O senhor tem R$ 0,10?' Isso pode facilitar bastante."




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