A Câmara de São Caetano vota hoje a LOA (Lei Orçamentária Anual) para 2013, que prevê arrecadar R$ 1,035 bilhão. Está na peça a possibilidade de o futuro prefeito, Paulo Pinheiro (PMDB), remanejar 100% da verba. A peça foi confeccionada pela gestão de José Auricchio Júnior (PTB), que amargou derrota eleitoral em uma disputa tensa entre o peemedebista e a ex-prefeiturável governista Regina Maura Zetone (PTB).

Pinheiro pertenceu aos quadros petebistas até o ano passado, quando rompeu com o governo e foi ao PMDB para concorrer ao Palácio da Cerâmica. A disputa foi marcada por acusações pessoais entre os postulantes. O prefeito, inclusive, liderou ataques à postura e às propostas do peemedebista. O grau de tensão que ocupou o debate eleitoral, no entanto, não impediu Auricchio de manter margem folgada de remanejamento para o adversário. Assim, o modelo dá carta branca ao prefeito do grupo rival, o que não costuma ocorrer nas outras cidades.

Os 100% de remanejamento foram inaugurados na gestão de Walter Braido (PTB), que comandou a cidade três vezes: 1965 a 1969, 1973 a 1977 e 1983 a 1988. "Foi 100% de remanejamentos para todos (outros prefeitos). Por que iríamos mudar agora com o Paulo (Pinheiro)? Mantivemos a coerência", analisou o parlamentar petebista Flávio Rstom. "Temos que lembrar que o Paulo sempre esteve junto do PTB e participou dos nossos quadros", destacou o vereador Jorge Salgado (PTB).

PER CAPITA

Pinheiro terá total liberdade para redistribuir os recursos que já têm endereço na LOA sem pedir autorização ao Legislativo. Em relação aos 149.571 habitantes de São Caetano, a verba pública equivale a R$ 6.920 per capita. O valor ainda representa 11 vezes um salário-mínimo de R$ 622.

SEM RESPOSTA

A equipe de transição de governo do peemedebista questionou o valor dos recursos direcionados a cinco secretarias. Em comparação com o ano passado, Planejamento e Gestão subiu de R$ 90 milhões para R$ 132 milhões, Fazenda foi de R$ 10,4 milhões para R$ 14,8 milhões, Serviços Urbanos quase dobrou o Orçamento de R$ 41 milhões, que foi para R$ 97,9 milhões, Mobilidade Urbana saltou de R$ 16,9 milhões para R$ 26 milhões e Saúde teve perda de receita: foi de R$ 200,5 milhões para R$ 167,5 milhões.

De acordo com o porta-voz da transição peemedebista, Sallum Kalil Neto, o fato de Auricchio ter encaminhado a LOA sem antes responder aos questionamentos e manter a dúvida não atrapalha. "Esse Orçamento não compete a nós. Era uma questão de entender a variação e se havia algum projeto em curso."

Jorge Salgado perde consenso do PTB na corrida pela presidência

O vereador Jorge Salgado deixou de ser nome de consenso em seu partido, o PTB, para disputar a presidência da Câmara para o próximo biênio 2013-2014. Apesar disso, o parlamentar desponta como favorito e tem simpatia de outras siglas, como PT, PSD e PHS.

Atual líder do governo, Paulo Bottura é o único entre os quatro vereadores do PTB que discorda da indicação de Salgado para a eleição interna. "Ainda é muito cedo, temos que discutir mais", comentou o petebista, que não nega a vontade de voltar a comandar a Câmara.

Para o correligionário Flávio Rstom, a postura do PTB já está definida. "Somos a maior bancada e teremos candidato à presidência. Vamos reivindicar também participação em comissões. A reivindicação do Salgado é salutar, é o único do partido que ainda não comandou a Casa", explicou.

Salgado acredita que terá o voto de Bottura na disputa. "Devemos achar um nome de consenso. Agora, vamos conversar com todos os 19 eleitos. Acho que todos têm condição de presidir a Câmara." O pré-candidato também expôs que irá consultar o prefeito eleito, Paulo Pinheiro (PMDB), sobre a eleição no Legislativo.

O atual presidente, Sidnei Bezerra da Silva, o Sidão (PSB), também se movimenta para tentar renovar o mandato por mais dois anos.