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Nipônica sofre com atuação do Japão

Torcedora fanática, Ligia Silva acompanha jogo e atura as brincadeiras da família em Mauá

Por Thiago Bassan
16/06/2013 | 07:00
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A bola rolava em Brasília para a partida entre Brasil e Japão, pela Copa das Confederações, e no Grande ABC, mais precisamente em Mauá, a torcida do Japão era representada por uma torcedora fanática, que acompanha a seleção desde os tempos em que Zico atuava no futebol nipônico.

Ligia Silva, 26 anos, era a única entre seus familiares que assistia à partida com a camisa da seleção japonesa e sofria a cada lance perdido pelos asiáticos. Além do futebol da equipe, a torcedora tinha que encarar a torcida contra dos tios Massao Kawaoka, Milton Oliveira e Kimi Silva, que apesar da origem nipônica, eram declaradamente brasileiros.

Revoltada com a atuação da equipe nos minutos iniciais, a torcedora esbravejou: “O time está dormindo, falta vontade, não é possível”. O placar de 1 a 0 para o Brasil logo no início da partida assustou a torcedora. Porém, a partir dos 20 minutos o Japão melhorou. O time do técnico Zaccheroni cresceu no jogo e passou a ameaçar a meta adversária, mas nada que empolgasse Ligia.

No fim da primeira etapa, o placar seguia favorável aos brasileiros, o que deixou a torcedora preocupada. Afinal, o time não manteve o ritmo de jogo imposto após levar o gol e passou a sofrer com o toque de bola dos comandados de Felipão. A situação alertou Ligia, que clamava por mudança imediata.

“Se tiver uma conversa boa no intervalo do treinador com os jogadores, pode mudar, mas é difícil. O Japão esperava por essa partida há muito tempo. Mas quando chega o jogo, parece apático, com medo. Esse esquema 4-3-2-1 nunca deu certo. Espero que agora o técnico ajeite isso e a situação possa mudar. Só demos um chute ao gol no primeiro tempo. O time precisa de dois atacantes, um só não serve”, sugeriu.

Mas nada mudou. O Brasil seguiu impondo seu ritmo e conseguiu mais um gol, dessa vez com Paulinho. A desvantagem de dois gols deixou a equipe praticamente sem chances de reverter o placar e foi baixando o ânimo da torcedora, que pouco depois viu Zaccheroni tirar o atacante Honda, astro da equipe, para colocar Inui. A alteração ganhou o repúdio de Ligia. “O Honda é fundamental para a equipe. Ele é muito importante. Quando está bem, o Japão funciona. Quando não está, não tem jeito. E o técnico demorou muito para mudar o time, colocou o segundo atacante muito tarde”, criticou.

No fim, o resultado de 3 a 0 para o Brasil fez com que Ligia pedisse alterações para o próximo compromisso do Japão, frente a Itália, quarta-feira, em Pernambuco. “Essa formação tem que mudar para a sequência do torneio, senão vai ser difícil”, alertou.

Evento no Anhangabaú tem público menor que o esperado

Se no anúncio do evento promovido no Vale do Anhangabaú a organização estimava que aproximadamente 50 mil pessoas estariam presentes para assistir ao duelo entre Brasil e Japão, tal número passou bem longe da realidade. Isso porque aproximadamente 20 mil espectadores foram ao local assistir a partida.

O evento foi marcado pela segurança. Apesar de não terem ocorrido confrontos entre torcedores, os protestos recentes por causa das tarifas de ônibus fizeram com que a atenção dos policiais fosse reforçada. “Já tínhamos uma estratégia especial para o evento, mas também ficamos preocupados com todas essas manifestações dos últimos dias. Viemos preparados”, explicou o Capitão Gregorim, do segundo batalhão de choque da polícia paulista.

Cerca de 400 pessoas cuidaram da ordem do evento. Foram designados 250 policiais militares, sendo destes, 120 homens do batalhão de choque, e 170 seguranças particulares, contratados exclusivamente pela organização do evento.

Confronto movimenta bares em Santo André; em São Caetano, não
Gerentes esperam grande atuação do País na competição para público crescer nos estabelecimentos

A estreia do Brasil na Copa das Confederações ontem não animou os torcedores da região, que pouco saíram às ruas para assistir à vitória por 3 a 0 diante do Japão, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília. Muitos bares das principais avenidas do Grande ABC nem mesmo abriram no horário.

Tradicional em São Caetano, o Gargalo Bar, na Avenida Goiás, não mudou a programação por causa da estreia brasileira e, apesar dos telões à disposição da torcida, o público se entretia mais com o samba que tocava do que com o Brasil, que jogava em Brasília.

“A gente tem esse movimento naturalmente. Nada mudou em relação ao Brasil, mas deixamos como sempre os telões à disposição”, contou o responsável pelo bar, Vantrik Olegare.

Em Santo André, as ruas também estavam vazias, mas a movimentação nos bares era grande. Os estabelecimentos tiveram que se estruturar para atender maior número de clientes.

“Aumentou muito. À tarde, eu atendo mais ou menos umas 50 pessoas e hoje (ontem) estou com a casa cheia e tive de liberar o espaço que era só para eventos. Colocamos dois televisores novos para atender bem o pessoal”, disse David Cheid, gerente do Bar Só Santo.

O aumento de público para os bares pode depender também do desempenho do Brasil na competição. “Se o Neymar resolver acertar o pé vai ajudar a gente também”, brincou Evandro Barbosa, gerente do B.A.R. Figueiras.
Se a Copa das Confederações serve de teste para a Copa do Mundo de 2014, o mesmo acontece para os bares. “É uma preparação para nós. Temos de nos preparar para a Copa”, finalizou David Cheid. (Renan Quintanilia)

Torcida não se anima e camisa da Seleção não é quase vista

Até ontem, com a desconfiança diante da Seleção na Copa das Confederações, poucos torcedores saíram às ruas vestindo a camisa do Brasil. Em bar de São Caetano, as cores se misturavam e dificilmente se via a amarelinha.

“Não estou muito ligado à Seleção, é mais um pretexto para reunir os amigos”, disse o engenheiro Anselmo Inocêncio. “Se eu me animar com o Brasil na Copa das Confederações eu compro uma camisa”, concluiu.
O público se dividia na torcida. “Acho que há muita desconfiança em relação à Seleção Brasileira, mas temos de fazer nossa parte e torcer”, opinou Anuar Bahmad, que estava com a camisa oficial do Brasil.

Questões extracampo podem também estar afastando o torcedor da equipe nacional. “Talvez não seja só a questão do futebol em si, e sim como um todo. Tem muita corrupção diante da Copa (do Mundo de 2014), muito dinheiro usado indevidamente que poderia ser investido em outros setores. Isso afasta, com certeza.” (Renan Quintanilia)
 




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