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Sombra de Atila e eleição marcam 100 dias da gestão Alaíde Damo

Herdeira da cadeira com impeachment, ex-vice patina no cargo e contraria discurso pró-Bolsonaro

Por Junior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
28/07/2019 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Alaíde Damo (MDB) completou ontem 100 dias de gestão à frente da Prefeitura de Mauá e, embora tenha assumido definitivamente o governo com o impeachment de Atila Jacomussi (PSB), eleito em 2016, a emedebista ainda tenta se desviar da sombra de possível volta do socialista, que busca reverter a cassação nos tribunais. Além disso, a ex-vice inexperiente na política se vê cercada de aliados que a incentivam a mirar a reeleição.

Em meio a essa conjuntura, Alaíde observa a cidade financeiramente deficitária e com capacidade de investimento comprometida. Não à toa, em outras passagens interinas pelo cargo, decretou estado de calamidade financeira em busca de ajuda externa – a medida, porém, foi revogada com o retorno de Atila. Na atual passagem, decidiu enterrar a iniciativa e optou por cuidar do básico, como assegurar o pagamento de fornecedores de serviços essenciais e de garantir a zeladoria da cidade. Rotineiramente, usa da quebra de ordem cronológica de pagamentos para quitar débitos com empresas de coleta de lixo e de varrição de rua.

“São ações simples, mas que têm dado grande efeito, até porque a cidade estava um caos. É lógico que tem muito a se fazer, mas não dá para fazer projetos grandes porque não tem recurso financeiro”, frisou o líder de governo na Câmara, Chico do Judô (Patriota).

Alaíde reassumiu o cargo em 18 de abril, mesmo dia em que o Legislativo mauaense cassou Atila por cometer crime de responsabilidade ao não ter solicitado licença formal no período em que esteve preso. Ao tomar posse, a emedebista decidiu colar sua imagem à do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Agarrou-se ao discurso da chamada nova política, mas, ao sentar de vez na cadeira, sucumbiu. Para construir apoio sólido e garantir governabilidade, repartiu secretarias e cargos em autarquias entre os vereadores. “Não é que ela esteja na contramão desse discurso do presidente (Bolsonaro). Mas não é porque eu gosto de Roberto Carlos que eu tenho que cantar como ele. Ela está tocando o governo de acordo como pode. Cantarola as músicas do Bolsonaro, mas Mauá tem suas dificuldades e ela precisa governar”, justificou Chico do Judô.

Procurada durante a semana passada, Alaíde não respondeu ao Diário. Em artigo publicado ontem no jornal, citou “conflitos” que “fragilizaram a administração municipal”. “Por vezes precisei tomar medidas mais amargas, sem pensar em agradar a todos e sim no bem de todos”, escreveu.

Alaíde também retornou ao cargo com postura pública diferente. Afinou a oratória e até mexeu na imagem pessoal. Em uma aposta dupla para tentar pregar o discurso de boa gestora e driblar qualquer rejeição às gestões do marido, o ex-prefeito Leonel Damo (1983 a 1988 e do fim de 2005 a 2008), esqueceu o sobrenome e adotou a alcunha de ‘Dona Alaíde’.

A mudança tem instigado aliados a defender que venha candidata à reeleição no ano que vem. Em entrevista recente, Alaíde não confirmou, mas também não descartou a possibilidade. “Pretensões (de ser prefeiturável) não tenho até agora, dizem que a gente muda, mas espero que seja o contrário. Eu posso falar: ‘Não quero, não quero, não quero’, mas na última hora esses capetinhas (secretários) podem me convencer que eu devo (disputar a reeleição)”, disse Alaíde.

Na cúpula do Paço, decidiu deixar de fora figuras que, nas passagens anteriores, criaram turbulências, como a própria filha, a ex-deputada estadual Vanessa Damo (MDB), e o sobrinho, o ex-secretário de Governo Antônio Carlos de Lima (PRTB). 




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