Política Titulo
Redução de dívida e de gastos são desafios para Kiko
Gislayne Jacinto
Do Diário do Grande ABC
05/10/2004 | 10:08
Compartilhar notícia


O prefeito eleito de Rio Grande da Serra, Adler Kiko Teixeira (PSDB), terá vários desafios quando assumir em janeiro de 2005. A dívida da cidade é de R$ 26 milhões (precatórios) para um orçamento anual de R$ 17 milhões. Por estar 100% em área de mananciais, não pode ter desmatamento para a instalação de indústrias. A Prefeitura também tem um outro problema: há praticamente um chefe para cada funcionário concursado. São 532 servidores, sendo 272 comissionados e 260 efetivos. Diante desse quadro, Kiko disso que enxugará a máquina e reduzirá gastos entre R$ 50 mil e R$ 100 mil por mês. As despesas com folha de pagamento somam hoje R$ 375,7 mil por mês. Kiko promete buscar meio de reduzir a dívida ativa que envolve R$ 8,7 milhões, R$ 7 milhões relativos ao IPTU. O prefeito eleito disse que diminuirá os juros para que os devedores possam pagar impostos atrasados.

DIÁRIO - Como o sr. espera que seja a transição de governo com o atual prefeito Ramon Velasquez (PT)?

KIKO - Antes da eleição eu e o prefeito tínhamos um relacionamento bom, amistoso, mas na campanha, quando eles viram que as coisas estavam tendenciosas para o nosso lado, começaram a baixar o nível. É claro que isso deixa algumas máculas no relacionamento. Esperamos que eles voltem a nos tratar com cordialidade, com respeito porque hoje nós representamos a vontade popular. Se eles sonegarem informação, não criarão prejuízo para o Kiko. Criarão prejuízos para a população.

DIÁRIO - Como será essa transição?

KIKO - Ainda estamos como vereador na Câmara e isso já permite que a gente tenha bastante informações que seriam suficientes para tomar posse. Evidentemente, a gente espera informações suplementares e que a própria transição seja conversada entre pessoas ligadas à gente e entre pessoas ligadas a eles para que seja uma coisa bonita e democrática.

DIÁRIO - Quais são os seus planos para a cidade?

KIKO - A gente percebe que existe um gasto desordenado na Prefeitura. Existe um grande número de funcionários comissionados e logo de cara queremos fazer uma reforma administrativa e, com isso, conseguir recuperar a qualidade do atendimento, principalmente, na área da saúde. A gente acredita que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) não só por estar no partido da gente, que nós temos uma afinidade política partidária, vai nos ajudar, mas por também conhecermos os programas do PSDB no governo. Isso ajuda bastante.

DIÁRIO - Sua idéia, então, é fazer uma grande parceria com o governo do Estado para conseguir mais investimentos para o município?

KIKO -Sim. O governador tem uma trajetória de vida de que começa em Pindamonhangaba como vereador e depois como prefeito. Ele sabe das dificuldades que vamos ter frente à Prefeitura e eu acredito que ele vai ter um olhar um tanto quanto benevolente até pela realidade do município.

DIÁRIO - Como o sr. pretende administrar a dívida da cidade?

KIKO - A dívida de Rio Grande da Serra aumentou em 54% nos últimos anos, dados do próprio Tribunal de Contas do Estado. Evidente que a gente quer apurar esses números e a gente acredita que a reforma administrativa, se não a solução, será o paliativo.

DIÁRIO - Como o sr. pretende pagar a dívida e ainda fazer investimentos?

KIKO- A gente aposta na parceria com o governo do Estado. Vamos ter de fazer cortes de gastos que vai ser algo doloroso logo no começo, mas a gente sabe que tem dado resultado e a gente tem um exemplo que foi a gestão do governador Mário Covas (PSDB) que provocou um saneamento nas contas públicas. A gente pretende fazer algo parecido para depois fazer os investimentos.

DIÁRIO - A Prefeitura de Rio Grande tem mais funcionários comissionados do que concursados. Como pretende solucionar esse problema?

KIKO - Com a reforma administrativa. É um absurdo, um contrasenso, ter um chefe para cada funcionário. Temos de diminuir o número de comissionados, o número hoje é exorbitante. A gente vai avaliar o quanto é preciso ter para manter o bom andamento do serviço público, mas pretendemos ter uma economia na folha de pagamento entre R$ 50 mil e R$ 100 mil. A gente pretende atingir essa meta. É claro que não é da noite para o dia. Seria impossível porque quando corta funcionários tem de arcar com as rescisões deles.

DIÁRIO - Qual será a sua prioridade?

KIKO - Com certeza será a área da saúde, que hoje é precária. Nós vencemos a eleição com essa bandeira. Vou honrar nosso compromisso de fazer a saúde exemplar. Faltam médicos e remédios. Hoje tem pouquíssimos especialistas, os médicos da família não atingem a cidade toda. São coisas que vamos mexer com bastante rigor. Falta cordialidade por parte dos médicos e dos funcionários. É claro que tem bons profissionais, mas alguns vão ter de ser cortados do quadro de funcionários e outros vamos preservar desde que se enquadrem numa maneira mais humanizada de administrar e tratar as pessoas.

DIÁRIO - Rio Grande tem seu território localizado em 100% de área de manancial. Como o sr. vai fazer para atrair novas empresas e gerar empregos?

KIKO - Na verdade a gente sabe que vai enfrentar esse problema. Os 31 km² estão situados em áreas de proteção ambiental e, portanto, há uma série de restrições para a instalação de indústria. O que a gente pretende é conversar com as empresas para que prestadores de serviços venham instalar sedes no município e tragam novas vagas, um novo campo de trabalho e conseqüentemente uma elevação na arrecadação.

DIÁRIO - Já definiu o seu secretariado?

KIKO - Ainda não discutimos isso. Já temos algumas idéias, mas na semana que vem vamos ter uma reunião com o grupo, a nossa vice (Helenice Arruda), com os presidentes de partido que nos apoiaram e vamos montar o secretariado. Temos nomes, mas terá de ser um consenso. Vamos definir o mais tardar na segunda quinzena de novembro.

DIÁRIO - A inadimplência com impostos é alta. Como pretende combatê-la?

KIKO - Recentemente, aprovamos um projeto na Câmara, do Executivo, que é o refinanciamento de dívidas da municipalidade. Isso vai dar uma amenizada porque a gente percebe que os inadimplentes são pessoas que não conseguem pagar por causa dos juros que dobram as dívidas.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;