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Câmara rejeita convocação de presidente da FUABC

Pedido em S.Caetano visava esclarecimentos de Berringer sobre denúncia de fura-fila na vacinação

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
11/05/2021 | 21:21
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Banco de Dados/DGABC


Em novo movimento de blindagem em caso envolvendo a FUABC (Fundação do ABC), a Câmara de São Caetano rejeitou ontem requerimento de convocação da presidente da entidade, Adriana Berringer Stephan, que visava obter esclarecimentos da dirigente em relação à denúncia de fura-fila na instituição ao grupo de prioridade da vacinação contra a Covid-19. Após discussão em ambiente virtual, a maioria dos vereadores votou pela derrubada da solicitação formal para que Adriana comparecesse ao plenário da casa com objetivo de prestar explicações necessárias acerca das supostas irregularidades.

Em lista de 80 nomes elencados pelo centro universitário da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), mantida da Fundação, havia oito profissionais atrelados a setores administrativos da entidade – entre gerentes de RH, jurídico, financeiro e comunicação, todos cargos de chefia dos departamentos – para receber a imunização sem figurarem a linha de frente contra a doença. O requerimento, de autoria do parlamentar oposicionista César Oliva (PSD), foi protocolado na terça-feira anterior a essa apreciação diante da repercussão do caso.

Adriana é indicada ao posto pela Prefeitura de São Caetano para mandato de dois anos, que finda no fim do exercício vigente. Antes do pedido de convocação, Oliva cogitou proposta de instauração de CPI caso requerimentos de informações sobre contratos da Fundação não fossem elucidados. Na semana seguinte, no entanto, vereadores da base se anteciparam e instituíram comissão especial de acompanhamento dos gastos do município junto à Fundação no enfrentamento à crise sanitária.

“Na verdade, não trato nem como convocação. Trato como um convite a Adriana. A intenção é fiscalizar, saber quem errou, para que a gente indague a pessoa responsável, que ela se explique. O nosso trabalho é evitar que coisas erradas aconteçam. Temos visto que nossa cidade caminha bem na vacinação na comparação com os demais municípios, mas esse é um assunto que precisa ser tratado. Precisamos entender o que houve porque foi episódio que manchou o nome da nossa cidade”, relatou Oliva.

A vereadora Bruna Biondi (Psol) pontuou que novas informações sobre o episódio vieram à tona a partir de reportagem do Diário em que a FUABC admite que advogados foram vacinados, à frente de outros grupos prioritários. “Eles alegam que esses advogados têm trabalho externo, muitas vezes em hospitais de campanha. Mas por que só parte do departamento (jurídico) foi vacinada e a outra não? É uma questão que nos intriga. São esses esclarecimentos que precisam ser prestados. Não somente a esta casa, mas à sociedade por parte da Adriana.”

Em posição inusitada, o líder do governo no Legislativo, Gilberto Costa (Avante), defendeu que “muitas dúvidas que surgem (a respeito do caso) são sanadas por meio de reportagens do Diário e várias serão sanadas por requerimento que foi aprovado pela Câmara de Santo André”. “Santo André está buscando todos os esclarecimentos. Também vejo que o requerimento (lá) buscou explicações do David Uip (reitor do centro universitário da FMABC). A Adriana é profissional ímpar, de respeito, faz brilhante trabalho à frente da Fundação. Por isso, acho desnecessária a convocatória dela. Vamos acompanhar as próximas reportagens do Diário e o trabalho que os vereadores de Santo André vão fazer. Se mesmo assim houver dúvida, voltamos a debater.”

Presidente da Câmara, Pio Mielo (PSDB) ponderou que a casa “sempre se pauta pelo princípio da ética e da transparência”. Segundo ele, todos os requerimentos são colocados para apreciação de forma democrática e, da mesma forma, é respeitada a decisão do plenário. “O papel de fiscalização de um vereador continua a ser exercido, independentemente da votação em plenário.” 




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