Política Titulo Termo de Ajustamento de Conduta
Volks cumpre nova etapa do TAC e evita ação por crimes na ditadura

Multinacional publicou informe em que lamenta violações durante regime militar, principalmente em São Bernardo

Daniel Tossato
21/03/2021 | 00:02
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Pressionada a acordo para evitar responder criminalmente por atos cometidos durante o regime militar no Brasil, a Volkswagen, com planta da montadora em São Bernardo desde o fim dos anos 1950, cumpriu mais uma etapa do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), que tem como objetivo fazer reparação histórica por ter violado direitos humanos em condutas reconhecidamente de apoio à ditadura militar que comandou o País entre aos anos de 1964 e 1985.

A montadora automobilística publicou informe no qual lamenta “profundamente as violações de direitos humanos ocorridas durante a ditadura militar, de 1964 a 1985, e se solidariza por eventuais episódios que envolveram seus ex-empregados e seus familiares em total desacordo com os valores da empresa”. Esse é o texto registrado em períodicos pela multinacional alemã.

A publicação do comunicado integra essa nova fase estabelecida na lista de obrigações do TAC, formalizado ainda no ano passado, entre a Volkswagen, o MPF (Ministério Público Federal), o MP-SP (Ministério Público de São Paulo) e o MPT (Ministério Público do Trabalho). Nele, a empresa admite a perseguição política a ex-operários que atuavam na planta de São Bernardo. 

“O TAC é o desfecho final de uma longa história. Uma das cláusulas do termo exigia essa publicação onde a Volks reconhecia a perseguição política e que se desculpasse pelos danos causados aos trabalhadores”, declarou Expedito Soares, ex-metalúrgico, que atuou na empresa entre 1974 e 1977 e que enfrentou perseguição no período. 

Além da publicação na qual reconhece os excessos à época, a montadora também teve que desembolsar cerca de R$ 40 milhões para iniciativas de promoção de direitos humanos e indenizar individualmente ex-metalúrgicos. Vice-presidente da Associação Henrich Plagge, que reúne ex-trabalhadores da Volks que sofreram abusos da montadora, Expedito chegou a ficar quase 15 dias em cárcere privado na empresa devido à atuação de agentes infiltrados no ambiente de trabalho. “Os trabalhadores também irão se reunir para decidir o início da reparação financeira tanto coletiva quanto individualmente”, declarou.

A oficialização do TAC pôs fim a inquérito civil aberto pelo MPF há mais de cinco anos e que apurava a participação da montadora em episódios de violação dos direitos humanos. A averiguação identificou colaboração da empresa com o aparato repressivo do governo. Com o termo, a Volks afasta a possibilidade de responder pelos crimes no período, a exemplo de perseguição, prisão política e até tortura. 

Por meio de nota, a Volkswagen alegou que lamenta as violações que ocorreram durante o período e que está ciente das responsabilidades que gerou aos operários e suas famílias. “Para a Volkswagen é importante lidar com a responsabilidade com esse capítulo negativo da história do Brasil e promover a transparência.” 




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