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Via Varejo reverte prejuízo, mas ações seguem em queda

Mesmo com lucro líquido de R$ 13 milhões, papéis da companhia registram desvalorização de 19% no ano, impactados pela crise da Covid-19

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
15/05/2020 | 01:16
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A Via Varejo, empresa de capital aberto com sede em São Caetano e dona das redes Casas Bahia e do Ponto Frio, conseguiu reverter prejuízo e fechou o primeiro trimestre de 2020 com lucro líquido de R$ 13 milhões. Mesmo com o fechamento das lojas por causa da pandemia da Covid-19, a companhia teve destaque no crescimento no e-commerce. Porém, mesmo com as boas notícias, os papéis fecharam com desvalorização de 1,31% no pregão de ontem e acumulam queda de 19% desde o início do ano.

A Via Varejo encerrou o período dos primeiros três meses de 2020 com uma receita bruta consolidada de R$ 7,4 bilhões, 0,9% superior ao mesmo período do ano passado. O lucro bruto consolidado chegou a R$1,9 bilhão, representando crescimento de 11,5% no período, porém, o líquido – diferença entre a receita e o custo e considerado o lucro real – ficou em R$ 13 milhões.

No ano passado, a companhia teve prejuízo de R$ 50 milhões no mesmo período. No entanto, a empresa afirmou, em projeção divulgada ao mercado, que se não fossem os impactos da pandemia, o lucro teria chegado a R$ 100 milhões. “O fato é que a empresa conseguiu reverter o prejuízo, mesmo neste período difícil”, disse o economista da Messem Investimentos Gustavo Bertotti.

A empresa também inaugurou duas lojas físicas, totalizando 1.073 em todo o País. Mas o comércio físico foi altamente impactado pela pandemia. Sem a Covid-19, as unidades teriam crescimento de 5%, mas a retração chegou a 7% nos resultados.<EM>

Desta forma, o que ajudou no crescimento dos números foram as vendas on-line, que cresceram 46% no período. Conforme noticiado anteriormente pelo Diário, a Via Varejo também anunciou a compra de empresa de logística no último mês, a ASAPLog, especializada em entregas no e-commerce. A empresa direcionou toda a estratégia para o on-line, principalmente por causa do cenário (leia mais abaixo). “O varejo teve um e-commerce ganhando cada vez mais espaço neste período. A Via Varejo veio aumentando rentabilidade e, em processo que favorece o on-line, teve performance muito bem-vista. Neste mesmo cenário, muitos setores tiveram queda da receita líquida, entre janeiro e março, mas a Via Varejo aumentou vendas, ganhou marketshare e gerou melhora nas entregas dos produtos”, analisou Bertotti.

Mesmo com as boas notícias, a empresa fechou o pregão de ontem com queda de 1,31% nas ações, com cada uma valendo R$ 9,02. Desde o início do ano, os pápeis da companhia tiveram queda de 19%.

Segundo o especialista, estes resultados foram afetados pelo cenário macroeconômico e a incerteza do mercado financeiro. “Isso aconteceu por causa da volatilidade do mercado financeiro no mundo, pois esse mercado tem aversão de risco, e a possibilidade de uma segunda onda de coronavírus em países como a Coreia do Sul e a Alemanha aumenta a tensão no mundo”, avaliou. “Nós temos outro fato que preocupa muito, que é o risco político. Ele acaba impactando muito”, finalizou o especialista.

O capital de giro líquido da Via Varejo, com base em dados de 2019, está negativo em R$ 3,28 bilhões (ativo menos o passivo circulante). O resultado demonstra o endividamento da empresa, que pretende ofertar ações para aumentar o capital de giro líquido, que atualmente está negativo.

Empresa destaca ação on-line para estimular vendas
No e-commerce, a Via Varejo destacou o processo de recuperação do modelo de venda direta com ações e melhorias. As vendas on-line tiveram crescimento principalmente por causa da pandemia causada pelo novo coronavírus e do isolamento físico.

No setor logístico, no primeiro trimestre do ano, 26% das vendas on-line foram retiradas em lojas. Antes do fechamento em razão da pandemia, esse índice estava em 30,3% de acordo com a empresa. No período, o número de mini-hubs (pequenos centros de distribuição, normalmente dentro de lojas) dobrou de 60 para 120. “Esse movimento mostra que estamos no caminho certo de posicionar nossos produtos cada vez mais próximos aos nossos clientes. Neste ano, devemos atingir a marca de 180 mini-hubs”, afirmou o CEO da Via Varejo Roberto Fulcherberguer, em nota divulgada pela empresa,

Na cobrança, a companhia realizou a expansão dos canais de atendimento e foram implementadas novas ferramentas digitais. Essas iniciativas fizeram com que cerca de 62% dos clientes, mesmo com a carência concedida em razão da pandemia, pagassem suas faturas do período, sendo que antes da crise os pagamentos fora das lojas estavam em torno de 6%.

No fim de março, diante do cenário de pandemia no País e consequente fechamento das lojas físicas, a estratégia de comunicação foi direcionada para o on-line e para novo canal chamado Vendedor Online. Criada em cinco dias, a plataforma possibilita que os vendedores continuem atendendo os clientes de forma personalizada e sendo comissionados. “A campanha Me Chama no Zap, referente a este novo formato de vender, protagonizada por mais de 7.000 vendedores, é um sucesso absoluto, transformando-se em case mundial do Facebook”, afirmou.

“Crescemos em vendas, ganhamos market-share e ainda aumentamos a nossa rentabilidade, mas ainda temos muito a fazer em 2020. Começando por entrar na nossa terceira etapa de transformação, de ir além do varejo, com a realização de muita coisa nova”, destacou. 




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