É primavera em São Paulo. E tão infalível quanto as flores da estação na cidade é a Mostra Internacional de Cinema, que ingressará em sua 28ª edição - rebatizada como Mostra BR de Cinema em alusão à Petrobras, seu principal patrocinador há cinco anos - a partir do próximo dia 21, em sessão exclusiva para convidados. Então, de 22 a 4 de novembro, é a vez de o público ter acesso a 329 filmes, provenientes de 66 países produtores, que serão projetados em 20 espaços de exibição da capital.

Para Leon Cakoff, o organizador da Mostra desde a placenta, o evento é ao mesmo tempo uma "maluquice" e uma "paixão". "Se a Mostra por acaso não acontecesse, haveria por aí uma crise de abstinência", afirmou em entrevista coletiva nesta quarta à noite, realizada para passar aos jornalistas um briefing desse acontecimento tão necessário para os cinéfilos quanto oxigênio.

Cakoff não decepciona. Para a maratona audiovisual, percorreu o mundo em busca de curtas, médias e longas-metragens das mais diversas escolas (se é que ainda se pode falar nisso) e origens. Você poderá ver em primeira mão, por exemplo, Vera Drake (de Mike Leigh) e Contra a Parede (de Faith Akin), vencedores dos últimos festivais de Veneza e Berlim, respectivamente.

O mais recente Pedro Almodóvar, A Má Educação, também está listado, bem como as fornadas mais frescas do egípcio Youssef Chahine (com o filme Alexandria... Nova York), dos franceses François Ozon (5 x 2) e Patrice Leconte (Confidências Muito Íntimas), do britânico Ken Loach (Apenas um Beijo), do japonês Takeshi Kitano (Zatoichi), dos italianos Bernardo Bertolucci (Os Sonhadores) e Dario Argento (O Jogador de Cartas) e do português Manoel de Oliveira (O Quinto Império), entre outros. A propósito, Cakoff aproveitou a coletiva para anunciar uma notícia auspiciosa a respeito do decano lusitano, hoje aos 95 anos. "Falei com o Manoel de Oliveira ontem (terça-feira) e ele confirmou que virá a São Paulo".

Não é só Oliveira quem vem. O iraniano Abbas Kiarostami (Gosto de Cereja), talvez um dos últimos a merecerem o título de mestre nessa maltratada arte, e o israelense Amos Gitai (Kedma) também desembarcarão em São Paulo por ocasião do evento, que promoverá retrospectivas de suas obras e aulas magnas ministradas por eles. Oliveira, Kiarostami e Gitai - algo equivalente ao nirvana para o público da Mostra de São Paulo, que tende ainda a celebrar mais quem está por trás das câmeras do que as estrelas diante delas.