Quando se pensava que o Sul da Bahia já havia revelado todas as belezas do seu litoral, eis que surge mais uma: Barra Grande. Praticamente intocado, o destino promete despontar para o turismo no próximo verão às custas da perfeita combinação de sol, hospitalidade e 42 quilômetros de praias desertas.

Não à toa, o vilarejo assistiu, nos últimos cinco anos, a um surpreendente boom turístico e imobiliário. Só para se ter uma ideia, um lote de 600 metros quadrados, de frente para o mar, que há menos de uma década custava R$ 3.000, agora vale R$ 500 mil.

E o que antes era apenas uma vila de pescadores, de uma hora para outra passou a abrigar empresários paulistas, ricos aposentados e gringos descolados vindos especialmente da Europa. Gente que resolveu trocar as gravatas pelos chinelos de dedo sob o efeito hipnótico de um dos mais belos poentes da costa tupiniquim. Foram eles que ergueram pousadas, restaurantes de qualidade e construíram um dos melhores resorts de luxo ecologicamente corretos do Brasil, fazendo com que, em poucos verões, Barra Grande visse sua população, de apenas 2.000 habitantes, quadruplicar no período entre o Réveillon e o Carnaval.

Para chegar lá, no entanto, é preciso ter espírito aventureiro. Se não para encarar 90 quilômetros de estrada sem pavimentação, completamente esburacada e impraticável para veículos sem tração nas quatro rodas, ao menos para percorrer duas horas de barco a partir do porto de Camamu.

A única alternativa para quem não gosta de engolir poeira é o táxi aéreo a bordo de aviões bimotores. O voo panorâmico leva cerca de 50 minutos desde Salvador até a pista de pouso do Kiaroa Maraú Beach Resort, mas é exclusivo a hóspedes do hotel.

A dificuldade de acesso se incumbe de manter preservado um dos últimos resquícios de Mata Atlântica do litoral baiano, onde caixas eletrônicos, asfalto, poluição, violência e estresse não têm vez. Se é duro chegar, mais difícil ainda é ir embora.