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Atentados na China podem ter tido motivo político
Por Das Agências
18/03/2001 | 15:54
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Os quatro atentados com bomba que deixaram pelo menos 108 mortos em Shijiazhuang, no Norte da China, afetaram uma cidade arruinada por milhares de demissões e uma corrupção endêmica.

A polícia acusou um homem que já era procurado pelo assassinato de sua companheira como o autor dos quatro atentados que na madrugada deste sábado, em uma hora, destruíram os conjuntos habitacionais adjacentes a fábricas têxteis da capital da província de Hebel.

Os investigadores não revelaram os indícios que permitiram chegar à conclusão de que Jin Rushao, um surdo de 41 anos, seria o principal suspeito, limitando-se a indicar que este indivíduo morava em um dos prédios alvos do atentado.

No entanto, vários funcionários municipais declararam que era evidente que várias pessoas participaram desse ato terrorista. Um alto dirigente indicou que os suspeitos eram operários demitidos da indústria têxtil, que emprega entre 60% e 70% da população ativa desta cidade de 1,3 milhão de habitantes, situada 200 km a sudoeste de Pequim.

"Não podemos excluir móveis políticos", declarou esta fonte, pedindo para não ser identificada. "Talvez estejam tentando obrigar o Governo a intervir, seja para desacelerar as reestruturações, ou para que se preocupem com o destino destas pessoas. A sociedade não pode absorver esses desempregados", explicou.

Quando foram reestruturadas, as empresas estatais não rentáveis, no final de 1997, a indústria têxtil despediu mais de 50 mil operários em Shijiazhuang e fechou várias das 12 empresas de fiação de algodão. Os que escaparam do desemprego, tiveram de se contentar com salários muito inferiores, reconheceu o funcionário municipal.

Em toda a China, as reformas econômicas traduziram-se em pelo menos 18 milhões de demissões nos últimos cinco anos, segundo cifras oficiais. O descontentamento social deu lugar a manifestações, em alguns casos violentas, em todo o país.

Outro responsável da prefeitura reconheceu que o ressentimento é alimentado pela corrupção das autoridades locais, cujo enriquecimento provoca a cólera das vítimas das reformas.

"As pessoas estão furiosas com a diferença entre ricos e pobres. Os quadros corruptos ganham muito dinheiro", declarou.

Uma forte tensão era observada na cidade este domingo. Os soldados patrulhavam as ruas, onde foram colocados cartazes coma foto do suspeito procurado pela polícia, que ofereceu uma recompensa de US$ 6 mil.

Em Hong Kong, Frank Lu, diretor do Centro de Informações sobre os Direitos Humanos e a Democracia, afirmou que, na realidade, a polícia busca de sete a oito suspeitos, principalmente no setor das indústrias mineiras ou obras públicas, grandes consumidores de explosivos.




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